O médium do Anticristo – 1
Texto de Hermínio C. Miranda publicado na revista espírita Reformador de Março de 1976:
Um jovem de cerca de 20
anos vagava pelo Museu Hofburg, em Viena, como de costume. estava deprimido
como nunca. O dia fora muito frio, pois o vento trouxera o primeiro anúncio do
outono que se aproximava. Ele temia novo ataque de bronquite que se aproximava.
Ele temia novo ataque no seu miserável quartinho numa pensão barata. Estava
pálido, magro e de aparência doentia. Sem dúvida alguma, era um fracasso. Fora
recusado pela Escola de Belas – Artes e pela Arquitetura. As perspectivas eram
as piores possíveis. Caminhando pelo museu, entrou na sala que guardava as
jóias da coroa dos Hapsburg, gente de uma raça que não considerava de boa
linhagem germânica.
Mergulhado em pensamentos pessimistas, nem sequer notou que um grupo de
turistas, orientado por um guia, passou por ele e parou diante de um pequeno
objeto ali em exibição. -"Aqueles estrangeiros – escreveria o jovem mais
tarde – pararam quase em frente ao lugar onde eu me encontrava, enquanto seu
guia apontava para uma antiga ponta de lança. A princípio, nem me dei ao
trabalho de ouvir o que dizia o perito; limitava-se a encarar a presença
daquela gente como intromissão na intimidade de meus desesperados pensamentos.
E, então, ouvi as palavras que mudariam o rumo da minha vida: "Há uma
lenda ligada a esta lança que diz que quem a possuir e decifrar os seus
segredos terá o destino do mundo em suas mãos, para o bem ou para o mal."
Como se tivesse recebido um choque de alertamento, ele agora bebia as palavras
do erudito guia do museu, que posseguia explicando que aquela fora a lança que
o centurião romano introduzira ao lado do tórax de Jesus (João 19:34) para ver
se o crucificado já estava "morto". Tinha uma longa e fascinante
história aquele rústico pedaço de ferro. O jovem mergulharia nela a fundo nos
próximos anos. Chamava-se ele Adolf Hitler.
Voltou muitas vezes mais ao Museu Hofburg e pesquisou todos os livros e
documentos que conseguiu encontrar sobre o assunto. Envolveu-se em mistérios
profundos e aterradores, teve revelações que o atordoaram, incendiaram sua
imaginação e desataram seus sonhos mais fantásticos. Sabemos hoje, em face da
prática e da literatura espírita, que os Espíritos, encarnados e desencarnados,
vivem em grupos, dedicados a causas nobres ou sórdidas, segundo seus interesses
pessoais. A inteligência e o conhecimento, como todas as aptidões humanas, são
neutros em si mesmos, ou seja, tanto podem ser utilizados na prática do bem
como na disseminação do mal. Dessa maneira, tanto os bons espíritos, como
aqueles que ainda se demoram pelas trevas, elaboram objetivos de longo alcance
visando aos interesses finais do bem ou do mal. Em tais condições, encarnados e
desencarnados se revezam, neste plano e no outro, e se apoiam mutuamente,
mantendo constantes entendimentos especialmente pela calada da noite, quando
uma parte considerável da humanidade encarnada, desprendida pelo sono, procura
seus companheiros espirituais para debater planos, traçar estratégias, realizar
tarefas, ajustar situações. Há, pois, toda uma logística de apoio aos Espíritos
que se reencarnam com tarefas específicas, segundo os planos traçados.
Estudando, hoje, a história secreta do nazismo, não nos resta dúvida de
que Adolf Hitler e vários dos seus principais companheiros desempenharam
importante papel na estratégia geral de implantação do reino das trevas na
Terra, num trabalho gigantesco que, obviamente, tem a marca inconfundível do
Anticristo. Para isso, eclodem fenômeno mediúnicos, surgem revelações,
encontram-se as pessoas que deveriam encontrar-se, acontecem "acasos"
e "coincidências" estranhas, juntam-se, enfim, todos os ingredientes
necessários ao desdobramento do trabalho. August Kubizek descreve uma cena
dramática em que Hitler, com apenas 15 anos de idade, apresenta-se claramente
incorporado ou inspirado por alguma entidade desencarnada. De pé diante de seu
jovem amigo, agarrou-lhe as mãos emocionado, de olhos esbugalhados e
fulminantes, enquanto de sua boca fluía desordenadamente uma enxurrada de
palavras excitadas.
Kubizek, artudido, escreve, em seu livro: - Era como se outro ser
falasse de seu corpo e o comovia tanto quanto a mim. Não era, de forma alguma,
o caso de uma pessoa que fala entusiasmada pelo que diz. Ao contrário, eu
sentia que ele próprio como que ouvia atônito e emocionado o que jorrava com
uma força primitiva... Como enxurrada rompendo diques, suas palavras irrompiam
dele. Ele invocava, em grandiosos e inspirados quadros, o seu próprio futuro e
o de seu povo. Falava sobre um Mandato que, um dia, receberia do povo para
liderá-lo da servidão aos píncaros da liberdade- missão especial que em futuro
seria confiada a ele. Ao que parece, foi o primeiro sinal documentado da missão
de Hitler e o primeiro indício veemente de que ele seria o médium de poderosa
equipe espiritual trevosa empenhada em implantar na Terra uma nova ordem.
Garantia-se a Hitler o poder que ambicionava, em troca da fiel
utilização da sua instrumentação mediúnica. O pacto com as trevas fora selado
nas trevas. É engano pensar que essas falanges espirituais ignoravam as leis
divinas. Conhecem-nas muito bem e sabem da responsabilidade que arrostam e,
talvez, até por isso mesmo, articulam seus planos tenebrosos e audaciosos,
porque, se ganhassem, teriam a impunidade com que sonham milenarmente para
acobertar crimes espantosos. Eles conhecem, como poucos, os mecanismos da Lei e
sabem manipular com perícia aterradora os recursos espirituais de que dispõem.
O médium do Anticristo - 1 (conclusão)
Vejamos outro exemplo: o relato da Segunda visita de Hitler à lança,
narrada pelo próprio. Novamente a sensação estranha de perplexidade. Sente ele
que algo poderoso emana daquela peça, mas não consegue identificar o de que se
trata. De pé, diante da lança, ali ficou por longo tempo a contemplá-la:
· Estudava minuciosamente cada pormenor físico da forma, da cor e da
substância, tentando, porém permanecer aberto à sua mensagem. Pouco a pouco me
tornei consciente de uma poderosa presença em torno dela – a mesma presença
assombrosa que experimentara intimamente naquelas raras ocasiões de minha vida
em que senti que um grande destino esperava por mim.
· Começava agora a compreender o significado da lança – escreve
Ravenscroft – e a origem de sua lenda, pois sentia, intuitivamente, que ela era
o veículo de uma revelação - "uma ponte entre o mundo dos sentidos e o
mundo do espírito". As palavras entre aspas são dos próprio Hitler, que
prossegue:
· Uma janela sobre o futuro abriu-se diante de mim, e através dela vi,
num único "flash", um acontecimento futuro que me permitiu saber, sem
sombra de dúvida, que o sangue que corria em minhas veias seria, um dia, o
veículo do espírito de meu povo. Ravenscroft especula sobre a revelação. Teria
sido, talvez, a antevisão da cena espetaculosa do próprio Hitler a falar, anos
mais tarde, ali mesmo em frente ao Hofburg, à massa nazista aglomerada, após a
trágica invasão da Áustria, em 1938, quando ele disse em discurso:
· A Providência me incumbiu da missão de reunir os povos
germânicos...com a missão de devolver minha pátria 1 ao Reich alemão. Acreditei
nessa missão. Vivi por ela e creio que cumpri. Tudo começara com o impacto da
visão da lança no museu. Já naquele mesmo dia, em que o guia dos turistas
chamou sua atenção para a antiqüíssima peça, ele experimentou estranhas
sensações diante dela. Que fascínio poderia ter sobre seu Espírito -
espetacular ele próprio – aquele símbolo cristão ? Qual a razão daquele
impacto? Quanto mais a contemplava, mais forte e, ao mesmo tempo, mais fugidia
e fantástica se tornava a sua impressão.
· Senti como se eu próprio a tivesse detido em minhas mãos
anteriormente, em algum remoto século da História – como se eu a tivesse
possuído, como meu talismã de poder e mantido o destino do mundo em minhas
mãos. No entanto, como poderia isto ser possível? Que espécie de loucura era
aquele tumulto no meu íntimo? Qual é, porém, a história conhecida da lança?
Para saber mais É o que tentaremos resumir em seguida. Hitler dedicou-se daí em
diante ao estudo de tudo quanto pudesse estar relacionado com o seu fascinante
problema. Cedo foi dar em núcleos do saber oculto. Um dos seus biógrafos, Alan
Bullock (Hitler: A Study in Tiranny), sem ter alcançado as motivações do futuro
líder nazista, diz que ele foi um inconseqüente, o que se poderia provar pelas
suas leituras habituais, pois seus assuntos prediletos eram a história de Roma
antiga, as religiões orientais, ioga, ocultismo, hipnotismo, astrologia...
Parece legítimo admitir que tenha lido também obras de pesquisa
espíritas, porque os autores não especializados insistem em grupar espiritismo,
magia, mediunismo e adivinhação, e muito mais sob o rótulo comum de ocultismo.
Sim, Hitler estudou tudo isso profundamente e não se limitou à teoria; passou à
prática. Convencido da sua missão transcendental, quis logo informar-se sobre
os instrumentos e recursos que lhe seriam facultados para levá-lo a cabo. O
primeiro impacto da idéia da reencarnação em seu espírito o deixou algo
atônito, como vimos, na sua primeira crise espiritual diante da lança, no museu
de Hofburg; logo, no entanto, se tornou convicto dessa realidade e tratou a
sério de identificar algumas de suas vidas anteriores. Esses estudos levaram-no
ao cuidadoso exame da famosa legenda do Santo Graal, de que Richard Wagner, um
dos seus grandes ídolos, se serviu para o enredo da ópera Parsifal.
Hitler foi encontrar nos escritos de um poeta do século XIII, por nome
Wolfram von Eschenbach, a fascinante narrativa da lenda, cheia de conotações
místicas e simbolismos curiosos, que captaram a sua imaginação, porque ali a
história e a profecia estavam como que mal disfarçadas atrás do véu diáfano da
fantasia. Mas, Hitler tinha pressa, e, para chegar logo ao conhecimento dos
mistérios que o seduziam, não hesitou em experimentar com o peiote, substância
alucinógena extraída do cogumelo mexicano, hoje conhecida como mescalina. Sob a
direção de um estranho indivíduo, por nome Ernst Pretzsche, o jovem Adolf
mergulhou em visões fantásticas que, mais tarde, identificaria como sendo cenas
de uma existência anterior que teria vivido como Landulf de Cápua, que serviu
de modelo ao Klingsor na ópera de Wagner. Esse Landulf foi um príncipe medieval
(século nono) que Revenscroft declara ter sido "the most evil figure of
the century" – a figura mais infame do século. Sua influência tornou-se
considerável na política de sua época e, segundo Ravenscroft, "ele foi a
figura central em todo o mal que se praticou então".
O Imperador Luiz II conferiu-lhe posto que o situava como a terceira
pessoa no seu reino, e concedeu-lhe honrarias e poderes de toda a sorte.
Landulf teria passado muitos anos no Egito, onde estudou magia negra e
astrologia. Aliou-se secretamente aos árabes que, apesar de dominarem a
Sicília, respeitaram seu castelo, em Carlata Belota, na Calábria. Nesse local
sinistro, onde se situara no passado um templo dedicado aos mistérios, Landulf
exercia livremente suas práticas horríveis e perversas que, segundo
Ravenscroft, deram-lhe a merecida fama de ser o mais temido feiticeiro do
mundo. Finalmente, o homem que o Imperador Luiz II queria fazer Arcebispo de
Cápua, depois de elevá-la à condição de cidade metropolitana, foi excomungado
em 875, quando sua aliança com o Islam foi descoberta. Ravenscroft informa logo
a seguir que, a seu ver, ninguém conseguiu exceder Wagner em inspiração, quando
este coloca, na sua ópera, a figura de Klingsor ( ou seja, Landulf) como um
mago a serviço do Anticristo. Aliás, muitas são as referências ao Anticristo no
livro do autor inglês, em conexão com a trágica figura de Adolf Hitler.
Ainda veremos isto. Guiado pela sua intuição, Wagner tranpôs para o
terreno da arte, na sua genial ópera, o objetivo de Klingsor e seus adeptos,
que era "cegar as almas por meio da perversão sexual e privá-las da visão
espiritual, a fim de que não pudessem ser guiadas pelas hierarquias
celestiais". Essa atividade maligna Landulf desenvolveu em seu tempo e
suas horríveis práticas teriam exercido "devastadora influência nos
líderes seculares da Europa cristã", conforme Ravenscroft. Mas Hitler
acreditava-se também uma reencarnação de Tibério, um dos mais sinistros dos Césares.
É fato sabido hoje que ele tentou adquirir ao Dr. Axel Munthe, autor de O Livro
de San Michele, a ilha deste nome, que, em tempos idos fora o último reduto de
Tibério, que lá morreu assassinado. O Dr. Munthe se recusou a vender a ilha
porque ele próprio acreditava ter sido Tibério, o que não parece muito
congruente com a sua personalidade.
Aliás, as especulações ocultistas (usemos a palavra) dos líderes
nazistas estão cheias de fenômenos psíquicos e de buscas no passado. Goering
dizia, com orgulho, que sempre se encarnou ao lado do Führer. Ao tempo de
Landulf, ele teria sido o Conde Boese, amigo e confidente do príncipe
feiticeiro, e no século XIII fora Conrad de Marburg, amigo íntimo do bispo
Klingsor, de Wartburg. Goebbels, o ministro da Propaganda nazista,
acreditava-se Ter sido Eckbert de Meran, bispo de Bamberg, no século XIII, que
teria apresentado Klingsor ao rei André da Hungria.2 Se essas encarnações estão
certas ou não, não cabe aqui discutir, mas tais especulações evidenciam o
interesse daqueles homens pelos mistérios e segredos das leis divinas, que
precisavam conhecer para melhor desrespeitar e burlar. Por outro lado, contêm
alguma lógica, quando nos lembramos de certos aspectos que a muitos passam
despercebidos. Muitos espíritos reencarnaram-se com o objetivo de
infiltrarem-se nas hostes daqueles que pretendem combater, seja para destruir,
seja para se apossarem da organização, sempre que esta detenha alguma parcela
substancial de poder.
Não seria de admirar-se, pois que um grupo de servidores das trevas, com
apoio das trevas, aqui e além, fosse alçado a postos de elevada influência
entre a hierarquia cristã da época, quando a Igreja desfrutava de incontestável
poder. O papado não esteve imune – longe disso - e por várias vezes caiu em
mãos de mal disfarçados emissários de Anticristo. Lembremos outro pequeno e
quase imperceptível pormenor. Recorda-se o leitor daquela observação veiculada
por um benfeitor espiritual que relatou haver sido traçada, no mundo das
trevas, a estratégia do sexo desvairado, a fim de desviar os humanos dos
caminhos retos da evolução?
Sexo transviado e magia negra são aliados constantes, ingredientes do
mesmo caldo escuro, onde se cultivam as paixões mais torpes. Quantos não se
perderam por ai... 1 Hitler era austríaco. Nasceu em 20 de abril de 1889, na
encantadora vila de Braunau-am-Inn, onde também nasceram os famosos médiuns
Willy e Rudi Scheider. 2 Segundo apurou Ravenscroft, esse Bispo Klingsor seria
o Conde de Acerra, também de Cápua, um tipo sinistro, profundamente envolvido
em magia negra e que, como Landulf, séculos antes, reuniu em torno de si um
círculo de adeptos que incluia eminentes personalidades eclesiásticas da época.
Afirma, ainda, o autor que foi nesse grupo que se concebeu o medonho monstro da
Inquisição.
O Médium do Anticristo II
Alfred Rosemberg, o futuro teórico do nazismo,
era então o profeta do Anticristo e se incumbia de questionar os Espíritos
manifestantes. Ravenscroft afirma que teria sido Rosemberg quem pediu a
presença da própria Besta do apocalipse, que na sua opinião(de Rovenscroft),
sem dúvida dominava o corpo e a alma de Adolf Hitler, através das óbvias
faculdades mediúnicas deste. Essa manifestação do Anticristo em Hitler foi
assegurada por mais de uma pessoa, além do lúcido e tranqüilo Dr. Walter
Johannes Stein. Um desses foi outro estranho caráter, por nome Houston Stewart
Chamberlain, um inglês que se apaixonou pela Alemanha e pela causa nazista.
Ravenscroft classifica-o como genro de Wagner e profeta do mundo pangermânico.
Também escrevia suas teses anti-racistas em
transe, segundo atestou nada menos que o eminente General Von Moltke, de quem
ainda diremos algo importante daqui a pouco Chamberlain era considerado um
digno sucessor do gênio de Friederich Nietzsche e, segundo o próprio Hitler, em
"Mein Kampf", "um dos mais admiráveis talentos na história do
pensamento alemão, uma verdadeira mina de informações e de idéias". Foi
quem expandiu as idéias de Wagner, desvirtuando-as perigosamente, ao pregar a
superioridade da raça ariana.
Segundo testemunho de Von Moltke, Chamberlain
evocou inúmeros vultos desencarnados da história mundial e confabulou com eles.
Que era uma inteligência invulgar, não resta dúvida. Os poderes das trevas escolheram
bem seus emissários. Enganam-se, também, redondamente, aqueles que consideram
Hitler um doido inconseqüente que tentou, na sua loucura, botar fogo no mundo.
A julgar por todas essas revelações que ora nos chegam ao conhecimento, ele
sabia muito bem o seu papel em todo esse drama. Recebeu uma fatia de poder a
troco de certa missão muito específica. No domínio do mundo, se o tivesse
conseguido, ele continuaria a desfrutar de posição "invejável", como
prêmio a um trabalho "bem feito". Ainda bem que falhou, pois a
amostra foi terrível.
Como se explicaria, sem esse apoio maciço de
espíritos encarnados e desencarnados, que um jovem pintor sem êxito, pobre,
abandonado à sua sorte, rejeitado pela sociedade, tenha conseguido montar o
mais tenebrosos instrumento de opressão que o mundo já conheceu? Como se
explicaria que seu partido tenha emergido de um pequeno grupo político, falido
e obscuro, senão que os Espíritos seus amigos o indicaram como sendo o primeiro
degrau de escada que o levaria ao poder? Hitler ainda se aprofundaria muito
mais nos mistérios da sua missão tenebrosa.
Precisava receber instruções mais específicas,
e , como sabemos, tudo se arranja para que assim seja. A hora chegaria, no
momento exato, com a pessoa já programada para ajudá-la. Um desses homens
chamou-se Dietrich Eckhart. Sua história á algo fantástico, mas vale a pena
passar ligeiramente sobre ela, a fim de entendermos seu papel junto a Hitler,
que, antes de encontrar-se com Eckhart, fizera apenas preparativos para o
vestibular da magia e do ocultismo. Dietrich Eckhart era um oficial do
exército, de aparência afável e jovial e, ao mesmo tempo, no dizer de
Ravenscroft, "dedicado satanista, o supremo adepto das artes e dos rituais
da magia negra e a figura central de um poderoso e amplo círculo de ocultistas
– O Grupo Thule". Foi um dos setes fundadores do partido nazista, e, ao
morrer, intoxicado por gás de mostarda, em Munich, em dezembro de 1923, disse,
exultante:
· Sigam Hitler! Ele dançará, mas a música é
minha. Iniciei-o na "Doutrina Secreta", abri seus centros de visão e
dei-lhe os recursos para se comunicar com os Poderes. Não chorem por mim: terei
influenciado a História mais do que qualquer outro alemão.
Suas palavras não são mero delírio de
paranóico. Há muito, nas suas desvairadas práticas mediúnicas, havia recebido
"uma espécie de anunciação satânica de que estava destinado a preparar o
instrumento do Anticristo, o homem inspirado por Lúcifer para conquistar o
mundo e liderar a raça ariana à glória". Quando Adolf Hitler lhe foi
apresentado, ele reconheceu imediatamente o seu homem, e disse para seus
perplexos ouvintes: - Aqui está aquele de quem eu fui apenas o profeta e o
precursor.
Coisas espantosas se passaram no círculo mais
íntimo e secreto do Grupo Thule, numa série de sessões mediúnicas (Ravenscroft
chama-as, indevidamente, de sessões espíritas...), das quais participavam dois
sinistros generais russos e outras figuras tenebrosas.
A médium, descoberta por certo Dr.
Nemirocitch-Dantchenko, era uma pobre ignorante camponesa, dotada de variadas
faculdades. Expelia pelo órgão genital enormes quantidades de ectoplasma, do
qual se formavam cabeças de entidades materializadas que, juntamente com
outras, incorporadas na médium, transmitiam instruções ao círculo de "eleitos".
Certa manhã de setembro de 1912, Walter Stein e seu jovem amigo Adolf Hitler
subiram juntos as escadarias do museu Hofburg. Em poucos minutos encontravam-se
diante da Lança de Longinus, posta, como sempre, no seu estojo de desbotado
veludo vermelho.
Estavam ambos profundamente emocionados, por
motivos diversos, é claro, mas, seja como for, o disparador daquelas emoções
era a misteriosa lança. Dentro em pouco, Hitler parecia Ter passado a um estado
de transe, "um homem – segundo Ravenscroft – sobre o qual algum espantoso
encantamento mágico havia sido atirado" . Tinha as faces vermelhas e seus
olhos brilhavam estranhamente. Seu corpo oscilava, enquanto ele parecia tomado
de inexplicável euforia.
· Toda a sua fisionomia e postura – escreve
Rovenscroft, que ouviu a narrativa do próprio Stein – pareciam transformadas,
como se algum poderoso Espírito habitasse agora a sua alma, criando dentro dele
e à sua volta uma espécie de transfiguração maligna de sua própria natureza e
poder.
Walter Stein pensou com seus botões: Estaria
ele presenciando uma incorporação do Anticristo? É difícil responder, mas é
certo que terrífica presença espiritual ali estava mais do que evidente.
Inúmeras outras vezes, em todo o decorrer de sua agitada existência,
testemunhas insuspeitas e desprevenidas haveriam de notar fenômenos semelhantes
de incorporação, especialmente quando Hitler pronunciava discursos importantes
ou tomava decisões mais relevantes.
Ao narrar o fenômeno a Ravenscroft, 35 anos
depois, o Dr. Stein diria que: -...Naquele instante em que pela primeira vez
nos postamos juntos, de pé, ante a Lança de Longinus, pareceu-me que Hitler
estava em transe tão profundo que passava por uma privação quase completa de
seus sentidos e um total eclipse de sua consciência. Hitler sabia muito bem da
sua condição de instrumento de poderes invisíveis. Numa entrevista à imprensa,
documentou claramente esse pensamento, ao dizer:
· Movimento-me como um sonâmbulo, tal como me
ordena a Providência.
Havia nele súbitas e tempestuosas mudanças de
atitude. De uma placidez fria e meditativa, explodia, de repente, em cólera,
pronunciando, alucinadamente, uma torrente de palavras, com emoção e impacto,
especialmente quando a conversa enveredava pelos temas políticos e raciais.
Stein presenciou cenas assim no velho café em que costumava encontrar-se com
seu amigo, em Viena, ali por volta de 1912/1913.
Passada a explosão, Hitler recolhia-se
novamente ao seu canto, como se nada tivesse ocorrido. Naqueles estados de
exaltação, transformava-se o seu modo de falar e sua palavra alcançava as
culminâncias da eloqüência e da convicção. Era como se um poder magnético a
elas se acrescentasse, de tal forma que ele facilmente dominava seus ouvintes.
Seus próprios companheiros notariam isso mais tarde, em várias oportunidades.
· Ao se ouvir Hitler – escreveu Gregor
Strasser, um ex-nazista – tem-se a visão de alguém capaz de liderar a
humanidade à glória. Uma luz aparece numa janela escura. Um homem com um bigode
cômico transforma-se em arcanjo. De repente, o arcanjo se desprende e lá está
Hitler sentado, banhado em suor, com os olhos vidrados.
Tudo fora muito cuidadosamente planejado e
executado, inclusive com os sinais identificadores, para que ninguém tivesse
dúvidas. Nas trágicas sessões mediúnicas do Grupo Thule, fora anunciado que o
Anticristo se manifestaria depois que seu instrumento passasse por uma ligeira
crise de cegueira. Isto se daria ali por volta de 1921, e seu médium teria,
então, 33 anos.
Aos 33 anos de idade, em 1921, depois de
recuperado de uma cegueira temporária, Hitler assumiu a incontestável liderança
do Partido Nacional Socialista, que o levaria ao poder supremo na Alemanha, e,
quase, no mundo. De tanto investigar os mistérios e segredos da história
universal, em conexão com os poderes invisíveis, Hitler se convenceu de
realidades que escapam à maioria dos seres humanos. A história é realmente o
reflexo de uma disputa entre a sombra e a luz, representadas, respectivamente,
pelos Espíritos que desejam o poder a qualquer preço e por aqueles que querem
implantar na Terra o reino de Deus, que anunciou o Cristo.
Hitler sabia, por exemplo, que os Espíritos
trabalham em grupos, segundo o seus interesses e por isso se reencarnam também
em grupos, enquanto seus companheiros permanecem no mundo espiritual – na
sombra ou na luz, conforme seus propósitos – apoiando-se mutuamente. Não é à
toa que Göering e Goebbels, como vimos, reconheciam-se como velhos companheiros
de Hitler. Este, por sua vez, estava convencido de que um grupo enorme de
Espíritos, que se encarnara no século IX, voltara a encarna-se no século XX. O
notável episódio ocorrido com o eminente General Von Moltke parece confirmar
essa idéia.
Vamos recordá-lo, segundo o relato de
Ravenscroft.
Foi ainda na Primeira Guerra Mundial. No imenso
e trágico tabuleiro de xadrez em que se transformara a Europa, havia um plano
militar secreto, sob o nome de Plano Schlieffen, que previa a invasão da França
através da Bélgica, antes que a Russia estivesse em condições de entrar em
ação. Helmuth Von Moltke era Chefe do Estado-Maior do Exército Alemão, sob o
Kaiser. Coube-lhe a responsabilidade de introduzir alguns aperfeiçoamentos no
plano e aguardar o momento de pô-lo em ação, se e quando necessário.
O momento chegou em junho de 1914. Jogava-se a
sorte da Europa. Von Moltke passou a noite em claro, na sede do Alto Comando,
tomando as providências de última hora para que o plano entrasse em ação
imediatamente. Estudava mapas, expedia ordens, conferenciava com seus oficiais.
O destino de sua pátria estava em suas mãos e ele sabia disso. No auge da
atividade, o eminente General perdeu os sentidos sobre a mesa de trabalho.
Parecia Ter tido um enfarte.
Chamaram um médico, enquanto seus camaradas,
muito apreensivos depositavam o seu corpo no sofá. Nenhuma doença foi
diagnosticada. Na verdade, Von Moltke estava em transe.
Sua metódica e brilhante inteligência não
previra a interferência da mão do destino, como diz Ravenscroft. Ou seria a mão
de Deus? Julgou-se, a princípio, que o poderoso General estivesse morrendo. Mal
se percebia sua respiração e o coração apenas batia o necessário para manter a
vida; olhos abertos vagavam, apagados, de um lado para outro.
O eminente General Helmuth Von Moltke estava
experimentando uma crise espontânea de regressão de memória, durante a qual em
vívidas imagens que se desdobravam diante de seus olhos espirituais, ele se viu
como um dos Papas do século IX, Nicolau I, o Grande, que a Igreja canonizou. Há
estranhas "coincidências" aqui. Segundo os historiadores, Nicolau
ascendeu ao trono papal mais por influência do Imperador Luis II do que pela
vontade do clero. Lembra-se o leitor de que Luiz II foi o mesmo que protegeu o
incrível Landulf, príncipe de Cápua? E que Landuf, um milênio depois, seria
Adolf Hitler? Nicolau foi um papa enérgico e brilhante.
Governou somente nove anos incompletos, de 858
a 867, mas teve de tomar decisões momentosas e que exerceram profunda
influência na História. Foi no seu tempo que se definiu mais nitidamente a
tendência separatista entre as igrejas do ocidente e a do oriente. Foi ele quem
elevou a novas culminâncias a doutrina da plenitude do poder papal. Segundo seu
pensamento, o imperador era apenas um delegado, incumbido do poder civil.
Enquanto essas vivências desfilavam diante de seus olhos, Von Moltke, ainda
estendido no sofá, vivia a curiosa experiência de estar situado entre duas
vidas; separadas por mil anos.
Em torno dele, entre as ansiosas figuras de
seus generais, ele identificava alguns de seus antigos cardeais e bispos. Uma
das personalidades que ele também identificou naquele desdobramento foi a de
seu tio, o ilustre Marechal- de- Campo, também chamado Helmuth Von Moltke, o
maior estrategista de sua época e que lutou na guerra de 1870. Fora também uma
das poderosas figuras medievais, o Papa Leão IV, o chamado pontífice-soldado,
que organizou a defesa de Roma e comandou seus próprios exércitos. Outra figura
identificada foi o General Von Schlieffen, autor do famoso plano Schlieffen,
que também experimentara as culminâncias do poder papal, sob o nome de Bento II.
Ao despertar de sua singular experiência com o
tempo, o General Von Moltke estava abalado até às raízes de seu ser. Caberia a
ele, um ex-Papa, deslanchar todo aquele plano de destruição e matança? Se não o
fizesse, o que aconteceria à sua então pátria? Diz Ravenscroft que, após se
reformas, Von Moltke escreveu minucioso relato daquela experiência notável.
Também ele se deixou envolver pelo misterioso fascínio da Lança de Longinus,
que certa vez visitou em companhia de outro General, seu amigo; e, segundo o
escritor inglês, conseguiu apreender o verdadeiro sentido e importância daquela
peça, "como um poderoso símbolo apocalíptico".
Acreditava ele que se deveram à sua própria
atitude negativa, como Nicolau I, em relação ao intercâmbio com o mundo
espiritual, os trágicos desenganos que se sucederam na História subseqüente, a
começar pela separação da cristandade em duas e o progressivo abandono da
realidade espiritual em favor das doutrinas materialistas, que
"virtualmente aprisionaram a criatura no mundo fenomênico da medida, do
número, do peso, tornando a própria existência da alma humana objeto de dúvida
e debate" (Ravenscroft). Por isso tudo, ao se erguer do sofá, Von Moltke
era outra criatura.
Como explicar tudo aquilo aos seus companheiros?
Que decisões tomar agora, na perspectiva do tempo e dos lamentáveis enganos que
havia cometido no passado, em prejuízo do curso da História? Parece, no
entanto, que não dispunha de alternativa. Como Longinus, tinha de praticar um
ato de aparente violência, para contornar uma crueldade maior. Tudo continuou
como fora planejado, mas o Chefe do Estado-Maior não continuou como fora.
Aliás, ao ser elevado àquela posição pela sua inesgotável e indiscutível
capacidade profissional, houve dúvidas, em virtude do seu temperamento
meditativo e tranqüilo.
Seria realmente um bom General no momento de
crise que exigisse decisões drásticas? Era o que se perguntavam seus
adversários, mesmo reconhecendo sua enorme autoridade técnica. Ao se retirar do
comando, diz Ravenscroft que ele era um homem arrasado, porque mais do que
nunca estava consciente da tragédia de viver num mundo em que a violência e a
matança pareciam ser os únicos instrumentos capazes de "despertar a
humanidade para as realidades espirituais".
Após a sua desencarnação, em 1916, com 68 anos
de idade, Von Moltke passou a transmitir uma série de comunicações através da
mediunidade de sua esposa Eliza Von Moltke. Ah! que documento notável deve ser
esse! Foi numa dessas mensagens que o Espírito do antigo Chefe do Estado-Maior
informou que o Führer do Terceiro Reich seria Adolf Hitler, àquela época um
obscuro e agitado político, aparentemente sem futuro. Foi também ele que, em
Espírito, confirmou a antiga encarnação de Hitler como Landulf de Cápua, o terrível
mágico medieval que vinha agora repetir, nos círculos mais fechados do Partido,
os rituais de magia negra, cujo conhecimento trazia nos escaninhos da memória
integral.
Faltavam ainda algumas peças importantes para
consolidar as conquistas do jovem Hitler, mas todas elas apareceriam no seu
devido tempo e executariam as tarefas para as quais haviam sido rigorosamente
programadas nos tenebrosos domínios do mundo espiritual inferior. O General
Eric Ludendorff seria uma delas. Von Moltke identificou-o com outro papa
medieval, que governou sob o nome de João VIII, que Ravenscroft classifica como
"o pontífice de mais negra memória que se conhece em toda a história da
Igreja Romana, que, como amigo de Landulf de Cápua, ajudou-o nas suas
conspirações no século IX". Novamente, sob as vestes de Eric Ludendorff, o
antigo Papa daria a mão para alçar Landulf (agora Adolf) ao poder.
Outro elemento importante, nessa longa e
profunda reiniciação de Hitler, foi Karl Haushofer, que, no dizer de
Ravenscroft, "não apenas sentiu o hálito da Besta Apocalíptica 3 no
controle do ex-cabo demente, mas também buscou, conscientemente e com maligna
intenção, ensinar a Hitler como desatrelar seus poderes contra a humanidade, na
tentativa de conquistar o mundo". É um tipo estranho e mefistofélico esse
Haushofer, mas, se fôssemos aqui estudar todo o elenco de extravagantes
personalidades que cercaram Hitler, seria preciso escrever outro livro. Diz,
porém, Ravenscroft que foi Haushofer quem despertou em Hitler a consciência
para o fato de que operavam nele as motivações da " Principalidade
Luciferina", a fim de que "ele pudesse torna-se veículo consciente da
intenção maligna no século vinte". (destaque do autor).
Vejamos mais um episódio.
Em 1920, era tão patente, através da Alemanha,
essa expectativa messiânica, que foi lançado na Universidade de Munich um
concurso de ensaios sobre o tema seguinte: "Como deve ser o homem que
liderará a Alemanha de volta às culminâncias de sua glória?" O vultoso
prêmio em dinheiro foi oferecido por um milionário alemão residente no Brasil
(não identificado por Ravenscroft) e quem o ganhou foi um jovem chamado Rudolf
Hess que, em tempos futuros, seria o segundo homem da hierarquia nazista! Sua
concepção desse messias político guarda notáveis similitudes com a figura do
Anticristo descrita nos famosos (e falsos) "Protocolos do Sião",
segundo Ravenscroft. Consta que Hitler considerava Rudolf Steiner, o místico,
vidente e pensador austríaco como seu arquiinimigo. Segundo informa
Ravenscroft, Steiner, em desdobramento espiritual, penetrava, conscientemente,
os mais secretos e desvairados encontros, onde se praticavam rituais atrozes
para conjurar os poderes que sustentavam a negra falange empenhada no domínio
do mundo. Que andaram muito perto dessa meta, não resta dúvida.
Conheciam muito bem a técnica do assalto ao
poder sobre o homem, através do próprio homem. Hugh Trevor-Roper, no seu livro
"The Last Days of Adolf Hitler", transcreve uma frase do Führer, que
diz o seguinte: Não vim ao mundo para tornar melhor o homem, mas para
utilizar-me de suas fraquezas. Estava determinado a cumprir sua missão a
qualquer preço. - Jamais capitularemos – disse, certa vez, repetindo o mesmo
pensamento de sempre. – Não. Nunca. Poderemos ser destruídos, mas, se o formos,
arrastaremos o mundo conosco – um mundo em chamas. Muito bem. É tempo de
concluir. Por exemplo, o que aconteceu com a Lança de Longinus? Continua no
Museu de Hofburg, em Viena, para onde foi reconduzida após novas aventuras.
Primeiro, Hitler tomou posse dela, ao invadir a
Austria, em 1938 e lançou-a para a Alemanha, cercada de tremendas medidas de
segurança. Lá ficou ela em exposição, guardada dia e noite, pelos mais fiéis
nazistas. Quando a situação da guerra começou a degenerar para o lado alemão,
construiu-se secretíssima e inviolável fortaleza subterrânea para guardá-la.
Apenas meia dúzia de elevadas autoridades do governo sabiam do plano. Uma porta
falsa de garagem disfarçava a entrada desse vasto e sofisticado cofre-forte, em
Nüremberg, que o Führer ordenou fosse defendido até à última gota de sangue.
Quando se tornou evidente que o Terceiro Reich se desmoronava de fato, ante o
avanço implacável das tropas aliadas, Himmler achou que a Lança de Longinus
precisava de um abrigo alternativo.
Uma série de providências foi propaganda, com
uma remoção fictícia, para um ponto não identificado da Alemanha; e outra,
verdadeira, sob o véu do mais fechado segredo, para um novo esconderijo, onde o
talismã do poder ficaria a salvo dos inimigos do nazismo. Por uma dessas misteriosas
razões, no entanto, um dos cinco ou seis oficiais nazistas que sabiam do
segredo, ao fazer a lista das peças que deveriam ser removidas, mencionou a
Lança de Mauritius, aliás, o nome oficial da peça.
Acontece que, entre as peças históricas do Reich,
havia uma relíquia de nome parecido, ou seja, "A Espada de
Mauritius", e esta foi a peça transportada, e não a Lança de Longinus.
Na Confusão que se seguiu, ninguém mais deu
pelo engano, e o oficial que o cometeu, um certo Willi Liebel, suicidou-se pouco
antes do colapso total do Reich. A essa altura, Nüremberg não era mais que um
monte de ruínas e, por outro estranho jogo de "coincidências", um
soldado americano. Perambulando pelas ruínas, descobriu um túnel que ia dar em
duas portas enormes de aço com um mecanismo de segredo tão imponente como o das
casas-fortes dos grandes bancos mundiais. Alguma coisa importante deveria
encontrar-se atrás daquelas portas.
E assim, às 14h10m do dia 30 de abril de 1947,
a legítima Lança de Longinus passou às mãos do exército americano. Naquele
mesmo dia, como se em cumprimento de misterioso desígnio, Hitler suicidou-se
nos subterrâneos da Chancelaria, em Berlim.
Como ficou dito atrás, a Lança de Longinus
encontra-se novamente no Museu Hofburg, em Viena. Estará à espera de alguém que
venha novamente disputar a sua posse para dominar o mundo? Vejamos, para
encerrar, algumas considerações de ordem doutrinária.
Haverá mesmo algum poder mágico ligado aos
chamados talismãs? Questionados por Allan Kardec ( perguntas 551 a 557), os
Espíritos trataram sumariamente da questão, ensinando, porém, que "Não há
palavra sacramental nenhuma, nenhum sinal cabalístico, nem talismã, que tenha
qualquer ação sobre os Espíritos, porquanto estes só são atraídos pelo
pensamento e não pelas coisas materiais".
Continuando, porém, a linha do seu pensamento,
Kardec insistiu, com a pergunta 554, formulada da seguinte maneira:
· Não pode aquele que, com ou sem razão, confia
no que chama a virtude de um talismã, atrair um Espírito, por efeito mesmo
dessa confiança, visto que, então, o que atua é o pensamento, não passando o
talismã de um sinal que apenas lhe auxilia a concentração?
· É verdade - respondem os Espíritos – mas da
pureza da intenção e da elevação dos sentimentos depende a natureza do espírito
que é atraído.
Os destaques são meus e a resposta à pergunta
554 prossegue, abordando outros aspectos que não vêm ao caso tratar aqui.
Nota-se, porém, que os espíritos confirmaram que os chamados talismãs servem de
condensadores de energia e vontade, e podem, portanto, servir de suporte ao
pensamento daquele que deseja atrair companheiros desencarnados para ajudá-lo
na realização de seus interesses pessoais.
Disseram mais: que os Espíritos atraídos
estarão em sintonia moral com aqueles que os buscam, ou seja, se as intenções e
os sentimentos forem bons, poderão acudir Espíritos bondosos; se, ao contrário,
as intenções forem malignas, virão os Espíritos inferiores.
Por toda parte, no livro de Trevor Ravenscroft,
há referências repetidas de que duas ordens de Espíritos estão ligadas à
mística da Lança de Longinus: os da luz e os das trevas, segundo as intenções
de quem os evoca. Além disso, é preciso lembrar que os objetos materiais
guardam, por milênio a fora, certas propriedades magnéticas, que preservam a
sua história.
Essas propriedades estão hoje cientificamente
estudadas e classificadas como fenômenos de psicometria, tão bem observados,
entre outros, por Ernesto Bozzano.
Médiuns psicômetras, em contato com objetos,
conseguem rever, às vezes com notável nitidez, cenas que se desenrolaram em
torno da peça de ferro deve estar altamente magnetizada pelos acontecimentos de
que foi testemunha, desde que foi forjada alhures nos tempos bíblicos, passando
pelo momento do Calvário, diante do Manso Rabi agonizante, até que Hitler a
perdeu em abril de 1945. Seja como for, a peça reúne em torno de si uma longa e
trágica história, tão fascinante que tem incendiado, através dos séculos, a
imaginação de muitos homens poderosos e desatado muitas paixões nefandas.
E, como explicaria os Espíritos a Kardec, não é
a Lança por si mesma que move os acontecimentos, é o pensamento dos homens que
se concentram nela e querem a todo preço fazer valer o poder que se lhe
atribui. Nisso, ela é realmente um talismã. Ainda uma palavra antes de
encerrar. É certo que Hitler foi médium dedicado e desassombrado de tremendos
poderes das trevas. Esses irmãos desarvorados, que se demoram, por milênios sem
conta, em caliginosas regiões do mundo espiritual, por certo não desistiram da
aspiração de conquistar o mundo e expulsar a luz para sempre, se possível.
Tudo farão para obter esse galardão com o qual
sempre sonharam, muito embora a nós outros não nos assista o direito de duvidar
de que lado ficará a vitória final. Nesse ínterim, porém valer-se-ão de todos
os meios, de todos os processos, para alcançarem seus fins. É claro, também,
que não se empenham apenas no setor político-militar, por exemplo como Hitler,
mas, também procuram conquistar organizações sociais e religiosas que
representem núcleos de poder.
É evidente a obra maligna e hábil que se
realizou com a Igreja, infiltrando-a em várias oportunidades e em vários pontos
geográficos, mas sempre nos altos escalões hierárquicos, de onde melhor podem
influenciar os acontecimentos e a própria teologia. O movimento espírita
precisa estar atento a essas investidas, pois é muito apurada a técnica da
infiltração. O lobo adere ao rebanho sob a pele do manso cordeiro; ele não pode
dizer que vem destruir, nem pode apresentar-se como inimigo; tem de aparecer
com um sorriso sedutor, de amizade e modéstia, uma atitude de desinteresse e
dedicação, um desejo de servir fraternalmente, sem condições e, inicialmente,
sem disputar posições.
Muitas vezes, esses emissários das sombras nem
sabem, conscientemente, que estão servindo de instrumentos aos amigos da
retaguarda. A sugestão pós-hipnótica foi muito bem aplicada por Espíritos altamente
treinados na técnica da manipulação da mente alheia. É a utilização da fraqueza
humana de que falava Hitler.
A estratégia é brilhantíssima e extremamente
sutil, como, por exemplo, a da "atualização" e da "revisão"
das obras básicas da Codificação, a da criação de movimentos paralelos, o
envolvimento de figuras mais destacadas no movimento em ardilosos processos de
aparência inocente ou inócua. Estejamos atentos, porque os tempos são chegados
e virão, fatalmente, vigorosas investidas, antes que chegue a hora final, numa
tentativa última, desesperada, para a qual valerá tudo. Muita atenção. Quem
suspeitaria de Adolf Hitler, quando ele compareceu, pela primeira vez, a uma
reunião de meia dúzia de modestos dirigentes do Partido dos Trabalhadores?