sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

OS ELEMENTAIS


OS ELEMENTAIS
Os elementais são seres que vivem na Terra, na barreira entre o espírito e a matéria. Vivem na Natureza, junto dos seus elementos naturais, em reinos com organização própria.Temos, por exemplo, as Sílfides, que comandam as forças do Ar; as Ondinas, que reinam sobre as Águas; os Gnomos, que dominam a Terra, e as Salamandras, que comandam o Fogo. Todos eles têm a tarefa de proteger e cuidar do reino vegetal.
Mas o que muitos desconhecem é que eles são constituídos de um quinto elemento: O éter. A palavra Éter deriva do grego aithér, que designa um espaço etéreo que envolve a atmosfera terrestre.
Sob os olhos do Cristianismo todos esses seres foram considerados malignos, daemon (demônios), atribuindo assim uma imagem completamente negativo a todos eles.
Atualmente, os elementais estão fortemente associados a doutrinas esotéricas bastante diversificadas entre si, e a imagem de gnomos e fadas tornou-se quase um arquétipo no ocidente. É possível, aos mais céticos, negar a existência destas criaturas; entretanto, não é possível ignorar a significância e profundidade da influência que os elementais exercem em diversos aspectos culturais das sociedades ao longo dos tempos.
No Livro Aruanda de Robson Pinheiro pelo Espírito Ângelo Inácio (CAP 7 , PAG 42), a força desses seres elementais, procedem de uma experiência evolutiva nos reinos inferiores (reino animal), com princípios inteligentes, estão a caminho de uma humanização no futuro, mas é algo que somente Deus conhece.
Os elementais são puros por não terem passado pela fase da humanidade, assim sendo eles enxergam o homem como um deus.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

POR QUE VOCÊ VAI NO TERREIRO?


POR QUE VOCÊ VAI AO TERREIRO?
Ninguém vai à igreja pedir ao padre um marido que já é marido de outra.
Ninguém vai à missa pedir a destruição da vida de uma pessoa.
Ninguém pede ao padre que interceda junto a Deus para que lhe arrume um amor.
As pessoas vão às igrejas para agradecer: pela vida, pela saúde, pela paz.
Não vão em busca de fortunas. Vão para rezar. Não vão para exigir. Vão para pedir.
Mas quando vão a um terreiro pedem o céu, a lua e as estrelinhas aos Exus, Pretos Velhos, Caboclos e Orixás. Não compreendem que os nossos Orixás e Guias têm dignidade, hombridade, sinceridade, verdade, que seguem a Lei.
Acreditam que os Orixás estão para servi-los?
Pensam que Orixá é obrigado a alguma coisa?
Pois é...não são. Entidades e Orixás não são obrigados a nada! Não estão a nossa disposição. Estão em terra para praticar a caridade, espalhar o amor e a fraternidade, para nos ensinar a sermos pessoas melhores, mas sempre dentro da Lei e de acordo com nosso merecimento.
Orixá não é agência de matrimônio.
Orixá não é agência de emprego.
Orixá não é integrante dos Vingadores da Marvel. 
Orixá não destrói lares (pelo contrário).
Orixá não é promíscuo.
Orixá é vida.
É saúde.
É paz.
É verdade.
É dignidade.
É o sagrado.
É divino.
Infelizmente observamos que algumas Casas, com suas práticas distorcidas, reforçam a falsa ideia de que basta oferecer alguns ebós para as entidades, acender meia dúzia de velas e pronto, rapidamente os guias realizarão os nossos desejos. Mas não é assim!
Casa de axé não é pastelaria, muito menos fast food.
Repense sua postura. Reavalie suas motivações e expectativas junto aos terreiros e à religião. As mudanças ocorrem de dentro pra fora e a responsabilidade é sua, não delegue aos ORIXÁS!!
Axé!!!

domingo, 2 de dezembro de 2018

HISTÓRIA DE ALGUMAS POMBO GIRAS

HISTÓRIA DE ALGUMAS POMBO GIRAS
SETE SAIAS
Jalusa Correia era uma bela mulher, morena de bastos cabelos negros, tinha ainda magníficos olhos verdes que a todos encantava.
Aos dezessete anos se casou e teve dois filhos, que foram por algum tempo a razão de sua existência. Quando estava prestes a completar seu vigésimo terceiro aniversário uma tragédia abateu-se sobre ela, seu marido e filhos faleceram em um pavoroso acidente de trem e da noite para o dia tornou-se uma pessoa imensamente triste e solitária. Por muitos anos carregou o peso na consciência por não estar com eles nesse momento.
Culpava-se intimamente porque nesse fatídico dia tivera uma indisposição séria e não quisera acompanhá-los na pequena viagem que mensalmente faziam à cidade vizinha. O remorso a torturava como se com isso conseguisse diminuir o tamanho de sua dor.
Dez anos se passaram até que Jalusa voltasse a sorrir, apesar do coração em frangalhos. Foi nesse período que Jorge apareceu em sua vida. O jovem viúvo logo se tomou de amores pela solitária e encantadora mulher. Conhecendo o trauma vivido por ela, teve a certeza de haver encontrado a mãe que sua filha precisava. A pequena Lourdes ficara órfã muito cedo e com apenas seis anos não conseguia esquecer a morte de sua genitora, tornando-se uma criança frágil e assustadiça.
Não demorou muito para que se casassem. No inicio Jalusa foi exemplar, como mãe e esposa, de repente, sem entender o motivo, começou a odiar a pequena menina. Lourdes a irritava, cada palavra dita por ela, entrava em seus ouvidos como uma ofensa. A menina apanhava por qualquer coisa, eram palmatórias, surras de cipós e puxões de cabelo que a deixavam inteiramente dolorida. Com medo de dizer ao pai o que ocorria em sua ausência, Lourdes foi ficando a cada dia mais amarga e triste.
Seus únicos momentos de alegria eram os passeios que fazia com o pai. Sempre que Jorge perguntava o que estava acontecendo ela mentia dizendo sentir saudades da mãe.
O ódio de Jalusa pela criança só aumentava, cada vez que a menina chegava perto dela, a lembrança de seus próprios filhos a atormentava:
- Como pode uma criatura indecente dessas estar aqui, viva ao meu lado, e meus filhos lindos, mortos?
- Era sempre nesses momentos que a menina era mais agredida.
Um dia Jorge resolveu fazer uma surpresa e retornar mais cedo a casa. Ao entrar devagar para não ser notado, ouviu os gritos:
- Sai vagabunda! 
- acompanhado do som de um tapa 
- abriu a porta justamente no instante em que sua filha era atirada contra um canto da parede. Num átimo, percebeu tudo que estivera ocorrendo em sua ausência.
Correu até a mulher e a esbofeteou com rancor exigindo que saísse de sua casa imediatamente. Desse dia em diante, Jalusa passou a morar nas ruas, mendigando e xingando todas as crianças que lhe passassem por perto. Às vezes, chorava muito, mas logo se erguia e gargalhava alto. Em uma noite de intenso frio, seu espírito foi arrancado do corpo e levado para zonas sombrias onde por muitos anos procurou respostas para as mazelas passadas em vida. Depois de ter contato com suas vidas pregressas, percebeu os erros que cometia a cada encarnação onde sempre era a causadora de grandes males causados a crianças e suplicou ajuda para o ressarcimento de suas culpas. Hoje, na vestimenta fluídica de Pomba-Gira das sete Saias, procura sempre uma maneira de atender aos que a procuram com simpatia e carinho. Quem a conhece em terra sabe de sua predileção por jovens mães e o respeito que nutre por todas as crianças. Está enfim a caminho de uma grandiosa evolução.
Laroiê Dona Sete Saias!
PADILHA DAS ALMAS
Falar desta entidade tão apreciada e poderosa dentro da Umbanda é uma honra! Mais como existem tantas histórias relacionadas a esta entidade, que achei melhor incluir aqui uma poesia que se baseia na sua real história e ao mesmo tempo tem a síntese desta nobre entidade que é Maria Padilha das Almas.
Vou contar uma lenda de uma pobre Maria, Que conheceu o luxo e a agonia!Vou contar a lenda de Maria Padilha, Que escondia a sedução sob a mantilha! Ela viveu no século XIV, cheio de magia, Misticismo e fantasia! Ela nasceu na Espanha valorosa, Formosa e maravilhosa! Ainda criança, Maria Padilha foi abandonada.. Por sua mãe, que era uma coitada... Ela era filha de mãe solteira... E virou uma órfã verdadeira! Ela nunca teve uma família inteira... Assim ela foi criada por uma feiticeira! Ela gostava de dançar o “flamenco” sensual.. De uma forma especial! Ela gostava de vestir preto e vermelho... Para treinar a dança no espelho! Na adolescência, ela virou uma cortesã elegante... Conhecendo muita gente importante! Ela foi apresentada à Dom Pedro I de Castela... De uma forma elegante e bela... Pelo primeiro ministro numa festa... Ao som de uma linda orquestra! Assim, os dois dançaram... E se apaixonaram... Mas Pedro estava noivo de Branca de Bourbon Que era frágil e sempre saia do tom ! Mas Maria Padilha fez uma bruxaria Que gerou uma grande agonia: Ela jogou um feitiço no cinto em que Branca... De uma forma ingênua e franca... Presenteou o seu amado... De um jeito calado! Assim depois do casamento... Sem nenhum sentimento... Aconteceu um tormento: Branca dois dias depois, foi abandonada... Sem entender, absolutamente, nada! Depois, os membros bastardos da família real... Seqüestraram Pedro de um jeito sensacional! Mas, com a ajuda de Maria Padilha... Pedro escapou de toda aquela matilha! Então, ele decidiu transferir sua corte para Alcazar de Sevilha... Junto com sua amada Maria Padilha! Depois ele bolou uma vingança sem piedade... E matou seus 9 irmãos traiçoeiros de verdade! Por causa desta vingança de fel... Ele ficou conhecido como: Pedro o cruel! Com Maria Padilha, ele teve 4 crianças... Carregadas de coragem e esperanças! Porém, um dia.. Cheio de agonia... A linda Maria... Morreu vítima da peste negra com muita dor... Mas Pedro chorando com ardor... Nomeou a amada morta como rainha original... De uma forma especial! Porém Pedro, o cruel... Conheceu o próprio fel... Morrendo nas mãos do único irmão bastardo que escapou a sua ira... Mas, que conheceu a atrocidade e a mentira! Esta é a história de Maria Padilha, Que escondia a sedução sob a mantilha... E que de tanto fazer magias e de possuir um olhar de vampira... Tem seitas que dizem que ela é a real pomba gira .
Maria Padilha é uma pomba gira muito feiticeira e adora vestir preto e vermelho, recebe seus pedidos e oferendas nos cruzeiros de chão como em cemitérios.
Adora bebida Anis, farofa amarela e bolinhos de carne moída com pimenta, Recebe rosas vermelhas, cigarrilhas e adereços de mulher. Trabalha para ambos os lados, basta pedir que ela estará lá prontinha para te ajudar! Amarra, desamarra, abre e fecha caminhos... Quando esta incorporada é muito dançante e alegre, fala alto e dá muita risada
”É noite no cemitério... é noite em zoxilá... é exu Maria Padilha que acaba de chegar... trás no ombro uma coruja... sua saia vem rodar... vem rodar exu das a rainha zoxilá!”
CIGANA ESMERALDA
Esta entidade de pomba-gira é muito conhecida na linha do oriente, quando chega ao mundo bem incorporada, chega sempre alegre e sorrindo, costuma sempre se vestir de verde esmeralda e sua saia tem um bolso na frente onde guarda o seu baralho. Todos os médiuns da cigana esmeralda tem uma boa visão para as cartas e sempre são excelentes cartomantes.
A Pomba-Gira Esmeralda, como muita gente sabe... foi aquela cigana que habitava Paris na época medieval onde defendeu um corcunda da maldade da igreja e do povo na época que o ridicularizava devido a sua aparência física. Filmes já foram montados e livros escritos sobre a história do Corcunda de Notre Dame e a Cigana Esmeralda
POMBA GIRA MENINA
Pomba-Gira Menina é uma entidade muito carismática e apreciada pelo povo de umbanda, pois adora trabalhar quando esta na terra e suas médiuns são, geralmente, pessoas alegres e de aparência muito jovem. Ela trabalha para amor, união,concursos e tudo o que for a respeito de progresso material! Mais como toda moça de sua idade é muito vaidosa e esta sempre arranjando pretendentes para as suas médiuns que mesmo sendo pessoas de idade, seus pares são pessoas sempre bem mais novos.
Sua oferendas devem ser bem brilhantes e perfumadas, adora, rosas, incensos, banhos cheirosos, chmapgne sem alcool e panos vermelhos... brincos e pulseiras nunca podem falatar para quem quer fazer algum pedido a esta gira. Ela recebe suas oferendas nos cruzeiros e parias e em noites de lua cheia gosta de recebe-los em uma campina de baixo de uma árvore frondosa. Trabalha da linha de Iançã por isto quem não quer ficar solteira(o) apele para esta pomba-gira que fará seus trabalhos com muita alegria e firmesa.
"Em uma macieira avistei uma mulher, mais quando cheguei mais perto deparei me com uma menina, ela era alegre, bonita e cheirosa e foi quando eu dei por mim que se tratava da pomba-gira menina, moça que enfeitiça , amarga e cobiça os corações de quem ela não gosta!"
POMBAGIRA 7 SAIAS
Esta é uma das entidades mais conhecidas e queridas dentro da Umbanda e Povo do Oriente, é a cigana Sete Saias. Muitos médiuns e chefes de terreiros por falta de informação não costumam apresentar esta maravilhosa entidade com a sua verdadeira origem cigana, fazendo desta linda gira uma pomba-gira de encruzilhada. A Pomba –Gira Cigana Sete Saias é considerada a Deusa do Amor pelo povo do oriente, e a ela que as moças recorrem quando desesperadas por falta de amor. “ A lenda conta que a Cigana Sete Saias foi apaixonada por um moço “não cigano” o que seus pais não aceitavam... e proibida de viver este amor parou de comer até vir a falecer. Quando seu corpo estava sendo preparado para velar, sua mãe trouxe suas sete saias favoritas e colocou a seus pés para poder rodar e jogar cartas nos caminhos do astral superior. A moça chegando as astral, foi recebida por Santa Sara a qual a designou a proteger e ajudar todas as moças que choravam por seus amores proibidos e impossíveis... É a esta entidade poderosa que as mais serias mandingas de amor são realizadas... e há quem diga que o que a Cigana Sete Saias Une... Ninguém separa!
Esta pomba-gira gosta de receber suas oferendas e presentes nas encruzilhadas de campo e preferencialmente as 18:00 nas sexta-feiras de lua cheia. Nas suas oferendas não pode faltar perfume de flores ou gardênia... sua velas são coloridas quase sempre vermelhas, brancas e Rosas... que são as cores que simbolizam o sexo, o amor e a tranqüilidade nas relações.
“Há quem diga que ela vem dos cruzeiros... há quem diga que ela vem do luar... me diga oh meu Deus de onde vem Pomba-Gira Sete Saias e onde ela quer trabalhar! ?”
Saravá cigana Sete Saias!
POMBA GIRA DAS ALMAS
França, final do século dezenove. Juliette estava desesperada. Aos dezessete anos, filha de nobres franceses estava prometida em casamento para o jovem Duque D'areaux. Por coisas que somente à vida cabe explicar, havia se apaixonado por um dos cavalariços de sua propriedade. Entregara-se a essa paixão de forma avassaladora o que culminou na gravidez que já atingira a oitava semana. Somente confiara o segredo à velha ama Marie, quase uma segunda mãe que a vira nascer e dela nunca se afastara, que a aconselhou a fugir com Jean, seu amado. Procurado, o rapaz não fugiu à sua obrigação e dispos-se a empreender a fuga. Sairiam a noite levando consigo apenas a ama, que seria muito útil à moça, e os cavalos necessários para os três. Perto da meia-noite, Juliette e Marie esgueiraram-se pelo jardim e dirigiram-se até o ponto em que o jovem as esperava. Rapidamente montaram e partiram. Não esperavam, contudo, que um par de olhos os espreitasse. Era Sophie a filha dos caseiros, extremamente apaixonada por Jean. Percebendo o que se passava, correu até a grande propriedade e alertou aos pais da moça sobre a fuga iminente. Antoine, o pai de Juliette, imediatamente chamou por dois homens de confiança e partiu para a perseguição. Não precisaram procurar por muito tempo. A falta de experiência das mulheres fazia com que a marcha dos fugitivos fosse lenta. Antoine gritou para que parassem. Assustado Jean apressou o galope e o primeiro tiro acertou-o no meio das costas derrubando-o do cavalo. Juliette correu para o amado gritando de desespero quando ouviu o segundo tiro. Olhou para trás, a velha ama jazia caída sobre sua montaria.
Sem raciocinar no que fazia puxou a arma de Jean e apontou-a para o próprio pai. - Minha filha, solte essa arma! - assim dizendo aproximava-se dela. Juliette apertou o gatilho e o projétil acertou Antoine em pleno coração. Os homens que o acompanhavam não sabiam o que fazer. Aproveitando esse momento de indecisão a moça correu chorando em total descontrole. Havia uma ponte à alguns metros dali e foi dela que Juliette despediu-se da vida atirando-se na água gelada. A morte foi rápida e nada se pode fazer. Responsável direta por três mortes (a dela, do pai e da criança que trazia no ventre) causou ainda, indiretamente mais duas, a de Jean e da ama. Triste destino aguardava o espírito atormentado da moça. Depois de muito vagar por terrenos negros como a noite e conhecer as mazelas de incontáveis almas perdidas encontrou um grupo de entidades que a encaminhou para a expiação dos males que causara. Tornou-se então uma das falangeiras de Maria Padilha. Hoje em nossos terreiros atende pelo nome de Maria Padilha dos Sete Cruzeiros da Calunga, onde, demonstrando uma educação esmerada e um carinho constante atende seus consulentes sempre com uma palavra de conforto e fé exibindo um sorriso cativante. Salve minha mãe de esquerda!
MARIA NAVALHA
Nomes
Maria Navalha
Maria Navalhada
Maria Analha
Seu ilá é de guerra, pois vem por Oyá, mas não gosta de ser mandada. É vesga. Dança lindamente como uma mulata do olodum. Perigosa e verdadeira. Diz que nunca foi mãe, nem casada, nem teve casa.
Lendas
Uma pombagira pouco conhecida. No cais da Bahia, junto ao mercado modelo, onde os saveiros descarregavam frutas, cacau, fumo, viveu a pombagira Maria Navalha. Malandros, marinheiros cheirando a sal, vendederes de acarajé, capoeiristas, eram os seus companheiros. Ela usava uma saia estampada de chitão, uma blusa preta de babados, um chapéu negro prendendo seus cabelos vermelhos e dançava na roda de malandros.
Cai a noite e o amor. "áis" de amor se ouviam nos saveiros, nas ruas pobres de salvador. E lá estava ela, com sua navalha na liga, sua defesa de mulher-dama ( mulher que vendia o amor ) para os que não queriam pagar. Jovem pobre, feiticeira, freqüentadores dos cadomblés que enchiam as madrugadas com os sons dos atabaques, ela ganhava a vida pelo amor e pelo jogo de ronda. Companheira dos malandros, dos marujos, dos bambas das ladeiras do velho pelourinho, amante ardente e carinhosa, mas com gênio forte, ela ganhou o nome de Maria Navalha dos velhos eluôs baianos. Moça vinda do interior da Bahia, sozinha, fazia ela mesmo suas roupas e nunca deixava seu chapéu preto brilhoso. Amou coronéis de cacau, jogadores dos cassinos, marujos tatuados, mas seu grande amor foi o malandro Zé pelintra da meia-noite.
Hoje, baixa na linha de exu, perigosa pombagira malandra, carteia e faz ebós diferentes, não como a famosa Maria Padilha e Molambo. Mas não pense que ela é fraca. Força de magia, faz trabalhos costurados, com caco de vidros, bebe suas cervejas, fuma seus cigarros e quando chega na banda do templo de magia cigana traz uma alegria encrivel. Morreu há 55 anos e fala que no cais moram crianças abandonadas, bêbados, pretas com seus tabuleiros em X, pobres sem casa, carteadores,