quarta-feira, 22 de novembro de 2017

A PARABOLA DO SEMEADOR

A PARÁBOLA DO SEMEADOR

Naquele mesmo dia Jesus saiu de casa e se sentou à beira do lago. Uma grande multidão se juntou ao seu redor. Havia tanta gente que Jesus entrou num barco e se sentou; e toda a multidão permanecia de pé na praia. Jesus lhes ensinou muitas coisas por meio de parábolas. Ele dizia:
— Certo homem saiu para semear. Enquanto semeava, uma parte das sementes caiu à beira do caminho e os pássaros vieram e as comeram. Outra parte caiu no meio de pedras, onde havia pouca terra. Essas sementes brotaram depressa, pois, a terra não era funda, mas, quando o sol apareceu, elas secaram, pois não tinham raízes. Outra parte das sementes caiu no meio de espinhos, os quais cresceram e as sufocaram. Uma outra parte ainda caiu em terra boa e deu frutos, produzindo 30, 60 e até mesmo 100 vezes mais do que tinha sido plantado.  Quem pode ouvir, ouça.
Os discípulos de Jesus, então, se aproximaram dele e lhe perguntaram:
— Por que o senhor ensina o povo por meio de parábolas?
E Jesus lhes respondeu:
— Somente a vocês é dado o privilégio de conhecer as verdades secretas do reino do céu e não aos outros. Pois quem tem, receberá ainda mais e terá em abundância. Mas quem não tem, até o que tem lhe será tirado. E é por isto que ensino o povo por meio de parábolas: Eles olham, mas não vêem; ouvem, mas não entendem. Portanto, por intermédio deles acontece o que disse o Isaías:
“Vocês ouvirão mas, mesmo ouvindo, não conseguirão entender; vocês olharão mas, mesmo olhando, não conseguirão ver.
Isto acontece pois o coração deste povo está endurecido.
Eles taparam os ouvidos e fecharam os olhos.
Se não fosse assim, eles poderiam ver com os olhos, ouvir com os ouvidos e entender com o coração, e se voltariam para mim e eu os curaria”.
 — Mas felizes são os seus olhos, pois eles podem ver; e os seus ouvidos, pois eles podem ouvir. Digo a verdade a vocês: Muitos profetas e homens justos desejaram ver as coisas que vocês vêem, mas não viram. Eles desejaram ouvir o que vocês ouvem, mas não ouviram.
            Jesus explica a parábola do semeador:
 — Ouçam o que a parábola daquele que semeia quer dizer. A semente que caiu à beira do caminho representa a pessoa que ouve a mensagem a respeito do reino, mas não a compreende, e Satanás então vem e tira as coisas que foram semeadas em seu coração. A semente que caiu no meio de pedras representa a pessoa que ouve a mensagem a respeito do reino e a aceita imediatamente e com muita alegria. Mas, como não tem raiz, não dura muito tempo. Assim que encontra dificuldades ou que é perseguida por causa da mensagem, abandona a sua fé. A semente que caiu no meio de espinhos representa a pessoa que ouve a mensagem a respeito do reino, mas, é sufocada pelas preocupações com as coisas desta vida e pela ilusão das riquezas. Essa pessoa não produz nenhum fruto. Mas a semente que caiu em terra boa representa a pessoa que ouve a mensagem e a compreende. Essa pessoa cresce e produz muitos frutos, algumas vezes trinta, outras sessenta e outras ainda cem vezes mais.

O MONGE E O ESCORPIÃO

O MONGE E O ESCORPIÃO

Monge e discípulos iam por uma estrada e, quando passavam por uma ponte, viram um escorpião sendo arrastado pelas águas. O monge correu pela margem do rio, meteu-se na água e tomou o bichinho na mão. Quando o trazia para fora, o bichinho o picou e, devido à dor, o homem deixou-o cair novamente no rio.
Foi então a margem tomou um ramo de árvore, adiantou-se outra vez a correr pela margem, entrou no rio, colheu o escorpião e o salvou. Voltou o monge e juntou-se aos discípulos na estrada. Eles haviam assistido à cena e o receberam perplexos e penalizados.
- Mestre, deve estar doendo muito! Porque foi salvar esse bicho ruim e venenoso? Que se afogasse! Seria um a menos! Veja como ele respondeu à sua ajuda! Picou a mão que o salvara! Não merecia sua compaixão!
O monge ouviu tranqüilamente os comentários e respondeu:
- Ele agiu conforme sua natureza, e eu de acordo com a minha.
Esta parábola nos faz refletir a forma de melhor compreender e aceitar as pessoas com que nos relacionamos. Não podemos e nem temos o direito de mudar o outro, mas podemos melhorar nossas próprias reações e atitudes, sabendo que cada um dá o que tem e o que pode. Devemos fazer a nossa parte com muito amor e respeito ao próximo. Cada qual conforme sua natureza, e não conforme a do outro.

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

POMBA GIRA DA PRAIA

POMBOGIRA DA PRAIA

Pombogira da Praia ou Pombagira Morena da Praia (fazendo alusão à seus cabelos escuros) é uma entidade muito bem vista nos terreiros de Umbanda. Para esta entidade, que está fortemente ligada ao amor, só a união - aspecto que não temos mais em nossa sociedade - pode consertar o mundo.

História
Um dia, durante um passeio pela praia, se apaixonou com um jovem marinheiro. O jovem procurou os pais da moça, pois queria casar-se com ela. Marcado o dia do casamento para algumas semanas, o jovem foi chamado para uma missão em alto mar. Ao se despedir de sua amada, a olhou nos olhos e disse que a amava, e ela prometeu espera-lo todos os dias no cais até que voltasse.
Todos os dias após a viagem, a jovem o esperava como havia prometido. Passado muitos meses, um navio desembarcou na praia e a jovem moça correu até o encontro dos marinheiros que ali estavam para perguntar a um dos jovens que descia do navio sobre o paradeiro de seu amado; foi então que soube que o navio que ele embarcou havia naufragado e que não houveram sobreviventes.
A linda moça com seu coração apaixonado e partido, não acreditou na história e jurou que esperaria seu amado pelo resto de seus dias. Assim, a moça, ficou conhecida como Morena da Praia, pois sentava-se no cais todos os dias esperando a volta de seu amado.

Características da Entidade
Pombagira da Praia é uma moça de longos cabelos pretos, pele clara e estatura normal, guardiã do amor sincero. 
Extremamente discreta e tímida, esconde-se através de seus capuzes e mantos.
Trabalha na praia de água salgada e doce, incluindo rios, embora seu ponto de força seja na água salgada(mar). Recebe oferendas na primeira encruzilhada antes de chegar na praia e, em raros casos, solicita receber o agrado na beira da praia.
Enquanto não trabalha materialmente, sua alma vaga pelo mundo capturando espíritos de má índole - quiúmbas e eguns - e os prende no cruzeiro do mar(dentro do mar), impossibilitando que eles retornem, pois acredita que não possuem cura. 
Na praia é mulher e na água é sereia.
Cor: azul marinho escuro.
Roupa: veste um longo vestido azul marinho escuro com prata ou com preto ou com branco.
Bebida: Vinho suave (o mais doce possível).
Flor: jasmim.
Falange: não possui falange.
Vela: azul marinho escura ou branca.
Linhagem: trabalha na linhagem de Yemanjá.
Complemento: Exú Maré. Também simpatiza com Marabô.

Características dos seus protegidos
Transmite aos seus protegidos todo o encanto do mar, entregando à eles, na maioria dos casos, grande poder de atração de amor(seus protegidos normalmente estão acompanhados ou, no caso de não estarem, não possuem grandes dificuldades em arrumar um pretendente), olhos claros e sorriso encantador.
Extremamente discretos, odeiam sobressair-se através de escândalos ou anarquias, embora adorem atrair atenção de maneira natural. 
Seus protegidos possuem grande poder de sedução e normalmente possuem poucos inimigos, sendo queridos por todos ao seu redor. Embora sejam enigmáticos, suaves e frágeis, possuem grande imponência, isto é, tem noção de sua importância e consideram seus feitos uma grandiosidade. 
Trazem muita firmeza na voz, o que faz com que todos ouçam quando decida falar e consigam enganar com grande maestria, mesmo que ela não suporte a mentira e não o faça com grande frequência. Quando é a protetora de uma casa, o ambiente costuma ser úmido, gelado e suscetivo ao mofo.

Sua ajuda em terra
Quando viveu, teve grandes problemas em relação ao amor, por isso vêm à Terra para ajudar nesse quesito. Os detentores de sua proteção são pessoas que estão destinadas à sofrer por amor, e precisam desenvolvê-la para amenizar esses problemas. 
Também ajuda na questão de saúde, pois ficava dia e noite ao céu aberto na praia; 
Na família, tendo em vista que nunca possuiu uma; 
E na gestação, já que nunca teve filhos. É comum dizer que as moças que são acompanhadas por esta Pombagira são inférteis, e, por isso, é melhor fazer uma oferenda para ela antes de tentar engravidar.


quinta-feira, 12 de outubro de 2017

OLHO GORDO

        OLHO GORDO

         Já sabemos, que somos pura energia, abrigada em um templo muito sensível e sagrado, que é o nosso corpo. Mau olhado, a inveja e o olho gordo podem nos afetar, sim e trazer distúrbios em todos os setores de nossas vidas, além de atingir, primeiramente, as plantas e os animais pois por serem energia pura, podem ficar enfraquecidos por essas pragas espirituais.
“Os olhos são a expressão da alma” já diziam os antigos. Os olhos são órgãos sagrados, capazes de potencializar energias positivas, negativas e intensificar o poder dos pensamentos e a vibração do espírito. Olho de Hórus, os egípcios se protegiam contra a força maléfica do olho gordo.
Os nossos olhos, dependendo de nossas energias, podem enviar energias positivas que curam quando as pessoas tem uma mediunidade desenvolvida e energias negativas, como o olho gordo, o mau olhado para aqueles de espírito vulgar, que querem ver definhar o que está florescendo.
“Olho gordo” é a canalização, através dos olhos de alguém muito sensível capaz de emitir energias destrutivas, através de uma energia interna gerada pelo desejo de possuir o que é dos outros, pela inveja.

Como funciona o mau olhado e o olho gordo?
Não há como não associar a inveja ao mau olhado e ao olho gordo, pois são suas irmãs e suas consequências são imediatas. Quando uma pessoa sente que não pode ter algo, seja alcançar um grau espiritual, uma certa riqueza material, a felicidade no amor que só o outro tem, a inveja começa a corroer a sua alma.
Sentir cansaço o tempo todo pode ser sinal de mau olhado e olho gordo. O espírito do invejoso lança olhares de maldade, pelo olho que tudo vê, pela terceira visão (mau olhado) e começa a desejar que aquilo que está vendo, definhe (olho gordo), tudo movido pelo mesmo veneno, chamado inveja. Mau olhado e olho gordo são umas das pragas espirituais, que aprendemos a combater com limpezas energéticas.
Os leigos e todos aqueles que tentam negar esse tipo de energia, podem consumir muita energia e esforço para se livrar desses fenômenos que minam nossa energia e nos fazem sentir cansados depois de uma longa noite de sono. Pode fazer aparecer repentinamente um peso nos ombros como se estivéssemos carregando o mundo as nossas costas. Bocejos intermináveis surgem do nada… Então, por causa do mau olhado e olho gordo até acidentes com muitas perdas, ruína financeira ou a separação sem explicação, de um amor que era um mar de rosas e transforma-se em uma tempestade feroz pelo olho gordo de alguém.
O mau olhado já era temido e combatido pelos Egípcios, que nos deixaram amuletos valiosos para espantar essas más vibrações. O principal amuleto egípcio é o “Olho de Hórus”.



sexta-feira, 6 de outubro de 2017

DIFICULDADES INICIAIS

DIFICULDADES INICIAIS

1 - Como funciona a mediunidade consciente? 
O médium capta o fluxo mental do Espírito, gerando ideias e sensações, como se houvesse a intromissão de outra mente em sua intimidade; como se estivesse a conversar com alguém, dentro de si mesmo.
2 - Ouve uma voz? 
Seria fácil, mas não é bem assim. Ideias surgem, misturando-se com as suas, como se fossem dele próprio.
3 - Parece complicado... 
E é, sem dúvida, principalmente para médiuns iniciantes, que não distinguem o que é deles e o que é do Espírito. Muitos abandonam a prática mediúnica, em face dessa incerteza, que é perturbadora.
4 - Como resolver esse problema? 
É preciso confiar e dar vazão às ideias que lhe vêm à cabeça, ainda que pareçam embaralhadas, em princípio. Geralmente a mediunidade é desenvolvida a partir da manifestação de Espíritos sofredores, o que é mais simples. Não exige maior concatenação de ideias ou esforço de raciocínio. Cumpre-lhe, em princípio, apenas exprimir as sensações e sentimentos que o Espírito lhe passa.
5 - Qual o conselho para o médium que enfrenta esse impasse? 
Sentindo crescer dentro de si o fluxo de sensações e pensamentos, que tomam corpo independente de sua vontade, comece a falar, sem preocupar-se em saber se é seu ou do Espírito. A partir daí o fluxo irá se ajustando. É como o motorista inexperiente na direção de um automóvel. Em princípio há solavancos, mas logo se ajusta.
6 - O que pode ser feito para ajudar o médium iniciante? 
A participação do grupo é importante. O médium, nessa situação inicial, fica fragilizado. Sente-se vulnerável e constrangido. Qualquer hostilidade ou pensamento crítico dos companheiros, revelando desconhecimento do processo, poderá afetá-lo.
7 - Seria razoável aplicar passes magnéticos no médium iniciante, em dificuldade para iniciar a manifestação? 
O passe pode ajudar, mas devemos ser econômicos na sua utilização, a fim de evitar condicionamentos. Há médiuns que esperam pela intervenção do dirigente, aplicando-lhes passes, a fim de iniciar seu trabalho.
8 - As manifestações de médiuns iniciantes são, não raro, repetitivas. Como devem agir o dirigente e participantes do grupo? 

Cultivar a compreensão e a boa vontade, considerando que o animismo, a intervenção do próprio médium, é expressivo nessa etapa do desenvolvimento. Aos poucos ele irá se ajustando, aprendendo a distinguir melhor entre suas ideias e as do Espírito.

DESISTENCIA

DESISTÊNCIA
1 - Vemos, com frequência, médiuns dotados de razoáveis faculdades mediúnicas desistirem do compromisso. Há algum prejuízo?
A sensibilidade mediúnica não funciona apenas nas reuniões de intercâmbio. Está sempre presente. É na prática mediúnica, com os estudos e disciplinas que lhe são inerentes, que o médium garante recursos para manter o próprio equilíbrio. Afastado, pode cair em perturbações e desajustes.
2 - É um castigo?
Não se trata disso. O problema está na própria sensibilidade que, não controlada pelo exercício, situa o médium à mercê de influências negativas, nos ambientes em que circule, e de entidades perturbadas que se aproximam.
3 - Mas esse problema não está presente na vida de todos nós? Não vivemos rodeados de Espíritos perturbados e perturbadores?
Sim, e bem sabemos quantos problemas são decorrentes dessa situação, por total ignorância das pessoas em relação ao assunto. No médium afastado da prática mediúnica é mais sério, porquanto, em face de sua sensibilidade, ele sofre um impacto maior, com repercussões negativas em seu psiquismo.
4 - E se o médium, não obstante afastado da prática mediúnica, for uma pessoa de boa índole, caridosa, afável, bem sintonizada?
Com semelhante comportamento poderá manter relativa estabilidade, mas é preciso considerar que a mediunidade não é um acidente biológico. Ninguém nasce médium por acaso. Há compromissos que lhe são inerentes.
5 - O médium vem programado para essa tarefa...
Sim. Trata-se de um compromisso assumido na espiritualidade. Há um investimento no candidato à mediunidade, relacionado com estudos, planejamento, adequação do corpo. Tudo isso envolve diligentes cuidados dos mentores espirituais. Imaginemos uma empresa investindo na preparação de um funcionário para determinada função. Depois de tudo, será razoável ele dizer que não está interessado?
6 - Mas não é contraproducente o médium participar de trabalhos mediúnicos como quem cumpre uma obrigação ou um contrato preestabelecido, temendo sanções?
As sanções serão de sua própria consciência, que lhe cobrará, mais cedo ou mais tarde, pela omissão. Para evitar essa situação é que os médiuns devem estudar a Doutrina, participando de cursos e reciclagens que sustentem a noção de sua responsabilidade em relação ao trabalho mediúnico.
7 - E se há impedimentos ponderáveis? Filhos a cuidar, cônjuge difícil, profissão, saúde...
Eventualmente isso pode acontecer, por algum tempo. O problema maior, entretanto, está no próprio médium que, geralmente, tenta justificar a sua omissão. Altamente improvável que a espiritualidade lhe outorgasse a mediunidade, sem dar-lhe condições para exercê-la.
8 - E quando a participação do médium gera conturbações no lar, a partir de um posicionamento intransigente do consorte?
Lamentável o casamento em que marido ou mulher pretende criar embaraços à atividade religiosa do cônjuge. É inconcebível! onde ficam o diálogo, a compreensão, o respeito às convicções alheias? De qualquer forma, embora tal situação possa justificar a ausência do médium, não o eximirá dos problemas inerentes à mediunidade não exercitada.

domingo, 24 de setembro de 2017

A VERDADEIRA HISTÓRIA DE SÃO COSME E DAMIÃO

A verdadeira história de São Cosme e São Damião

Hoje, dia 26 de setembro, lembramos dois dos santos mais citados na Igreja: São Cosme e São Damião, irmãos gêmeos, médicos de profissão e santos na vocação da vida. Viveram no Oriente (Cilícia, Ásia Menor entre os séculos III e IV), e, desde jovens, eram reconhecidos por sua habilidade como médicos. Com a conversão, passaram a ser também missionários, ou seja, ao unirem a ciência à confiança no poder da oração, levavam a muitos a saúde do corpo e da alma.
Viveram na Ásia Menor, até que, devido à perseguição de Diocleciano, no ano 300 da Era Cristã, foram presos por serem considerados inimigos dos deuses e acusados de usar feitiçarias e meios diabólicos para disfarçar as curas. Tendo em vista essa acusação, a resposta deles era sempre: “Nós curamos as doenças em nome de Jesus Cristo e pelo Seu poder!”
Diante da insistência dos perseguidores da fé cristã, com relação à adoração aos deuses, responderam: “Teus deuses não têm poder algum, nós adoramos o Criador do céu e da terra!”.


Dia de São Cosme e Damião – 27 de setembro

Mais do que uma comemoração religiosa, o dia de São Cosme e Damião, ou dia dos Erês ou Ibejis, nos terreiros de povos tradicionais é marcado pela distribuição de doces e guloseimas para as crianças. Tradição esta que é repetida por católicos, que em suas casas recebem os meninos e meninas que correm de um lado para outro, buscando encher suas sacolas de coisas de criança.
A distribuição de doces no dia de São Cosme e Damião, dentro do catolicismo, se deve ao fato de que os santos Cosme e Damião ofereciam doces para amenizar a tristeza das crianças e enfermos.
Os dois são considerados protetores dos pequenos, e por isso em seu dia muitas pessoas repetem o mesmo gesto de carinho, que foi trazido pelos portugueses.
Independente da origem das guloseimas, o fato é que se trata de uma data doce, que deve servir para espalhar alegria, cada um com suas próprias convicções e dentro da mais absoluta harmonia. Delas, o único risco que se pode esperar é uma cárie ou umas calorias a mais no fim do dia.
 Atenção:
Na Igreja, muitos santos são estigmatizados pelo misticismo devido ao choque de culturas. Nada contra outras culturas, mas é sempre muito bom lembrar a verdadeira origem dos fatos. Muitos de nossos santos são cultuados também no candomblé e em outras religiões, mas a história é bem diferente. Na época da escravatura no Brasil, os escravos africanos criaram uma maneira criativa e inteligente de enganar os senhores de Engenho. Invocavam os seus deuses Orixá, Oxalá, Ogum como São Sebastião, São Jorge e Jesus, e os negros bantos identificaram Cosme e Damião como os orixás Ibejis em um sincretismo religioso. E fizeram o mesmo com outros santos também, como São Jorge, Santa Bárbara entre outros. O sincretismo religioso é um fenômeno que consiste na absorção de influências de um sistema de crenças por outro.
Os negros bantos identificaram Cosme e Damião como os Ibejis: divindades gêmeas, sendo costumeiramente sincretizadas aos santos gêmeos católicos [Cosme e Damião]. A grande cerimônia dedicada a Ibeji acontece, no dia 27 de setembro, quando comidas como caruru, vatapá, bolinhos, doces, balas (associadas às crianças, portanto) são oferecidas tanto a eles como aos frequentadores dos terreiros. Para nós, católicos, este é o dia de São Vicente de Paulo. Por isso, há o costume de distribuir doces e comidas às crianças no dia 27, que também foi um costume introduzido pelo candomblé.
São Cosme e São Damião jamais abandonaram a fé cristã e foram decapitados no ano de 303. São considerados os padroeiros dos farmacêuticos, médicos e das faculdades de medicina.
Senhor, dai-nos uma fé viva, livre de todas as misturas, uma fé nova, traduzida na vida e no amor aos irmãos. Por isso, proclamamos o Senhorio de Jesus em nossas vidas, pois os santos não precisam de alimentos, pois eles já contemplam o Alimento da Vida, que é o próprio Senhor.


sexta-feira, 15 de setembro de 2017

O QUE OS ORIXÁS DIZEM PARA SEUS FILHOS?

O que os Orixás dizem para seus filhos? 

Bara: Filho endireita teus caminhos e separe o mal do bem. Perdoe quem lhe fez mal, Abra a tua boca para abençoar seu dia e vá a luta...
Ogum: Não minta para seu próximo, saiba que tudo que vai uma hora há de voltar, tenha sabedoria e paciência, quando se sentir irritado louve e peça calma para seus problemas. Eu sempre guiarei teus caminhos, Seja forte...
Odé: Está passando necessidades filho, lembre-se mais a frente irá encontrar alguém precisando mais que você, não reclame do que lhe faltar, agradeça por ter vida e saúde sempre...
Xapanã: Está ferido, tapa a ferida e vai a luta, cuide mais de ti, se entregue as pessoas para ajudar sim, mas nunca se esqueça de você, as vezes se entregar demais você acaba se esquecendo de ti...
Nanã: Trate as pessoas com amor, ninguém é culpado pelo que você passa, se recuse a grosserias, seu dia-a-dia ira agradecer. Tenha força e fé, e deixa o resto comigo. Sei de tudo que passas, Tudo irá se resolver...
Oxum: Filha(o), observe seus passos e distancie tudo aquilo que lhe faz mal, os seus vão estar sempre contigo, mas os infiéis vão sempre inventar desculpas quando você mais precisar. Se o momento está difícil, Mas saiba que tudo passa. Só não perca nunca tua fé tão linda. Levante a cabeça, Tá na hora de lutar, recomeçar e ser feliz. Eu vou iluminar teus caminhos. Acredite....
Xangô: Resolva seus problemas um de cada vez, as vezes você cria mais problemas em cima dos que você já tem. Brigou com alguém? Se estiver errado, peça desculpas mas não perca um amigo por pequenas palavras...
Iansa: Está machucado? Renasça das cinzas, não se faça de desentendido você tem uma sabedoria maior do que imagina. seus parentes são difíceis de lhe entender? Tenha mais calma com eles, chegará ao tempo que eles vão saber o quão grande é o teu coração...
Obá: Procure ouvir mais as pessoas e a entende-las, você não dá tempo ao tempo, saiba que com humildade e simpatia você chegará longe, procure sua independência...
Yemanja: Está desanimado e não saber por onde seguir, tenha cautela em suas escolhas, vão tentar lhe tirar sua fé, mas quando isso acontecer você estará ciente de quem é certo de estar do seu lado, acolha quem precisa em seus braços, dê amor a quem não tem amor, que tu ganharás as bençãos divina...
Oxalá: Se tentaram frustrar seus sonhos, recomece do zero mas saiba quem realmente é seu amigo, nem todas as pessoas que lhe ronda é digna de sua amizade, está prosperando? Não conte nada a ninguém, para não ser invejado...
Ossain: Escreva uma vida com linhas retas, para você poder ter algo bonito para contar para seus descendentes, deixe de ficar dia e noite em roda de amigos, cuide mais de sua saúde...
"Ter fé nos Orixás é isso. Ter a certeza que em todos momentos temos um colo, Cheio de amor e paz. Que mesmo quando a vida nos dá uma rasteira, Temos a quem recorrer...

Basta acreditar"!! Axé..

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

CONVERSANDO COM EXU

CONVERSANDO SOBRE EXU
  
Dizem que Exu é um homem sério, castigador, espírito sem compaixão alguma. Muitos falam que nem mesmo sentimento essas entidades apresentam. Muitos temem Exu, relacionando - o com o Diabo ou com algum monstro cavernoso que a mente humana é capaz de criar.
Bem, dia desses, no campo santo de meu pai Omulu, vi algo inusitado que me fez pensar...
            Um desses Exus Caveiras, que apresentam essa forma plasmada como meio de ligação a falange pertencente, chorava sobre um túmulo. Discretamente, isso devo dizer, afinal os Caveiras em sua maioria são de natureza recatada e introspectiva, mas chorava sim. Engraçado pensar nessa situação, não é mesmo? Ele chorava pelos erros do passado, chorava por uma pessoa a qual amava muito, mas não mais perto dele estava. Claro, sabia que ninguém morria, mas a saudade e o remorso apertavam fundo seu coração.
Isso acontece muito no plano espiritual, onde muitas vezes os laços são quebrados devido às diferenças vibratórias. Na verdade o laço não se quebra, apenas afrouxam - se um pouco...
            Mas, voltando a nossa história, fiquei a pensar muito sobre aquele tipo de visão. Pensei que ninguém acreditaria em mim caso eu contasse esse "causo", afinal, Exu é homem acima do bem e do mal, exu não tem sentimento, exu não chora...
            E para aqueles então que endeusam "seu" Exu, pensando ser ele um grande guardião, espírito da mais alta elite espiritual, espírito corajoso, sem medos, violento guerreiro das trevas. Exu acaba assumindo na Umbanda um arquétipo, ou mito, tão supra - humano, que muitas vezes ele deixa de ser apenas o mais humano das linhas de Umbanda. Arquétipo esse, diga - se de passagem, muito diferente do Orixá Exu, arquétipo base para a formação do que chamamos de Linha de Esquerda dentro do ritual de Umbanda.
É, eu acho que todo Exu chora. Assim como eu e você também. Inclusive, todo mundo chora, pois todos temos dores, remorsos e tristezas. Isso é humano. Mas, voltando ao campo santo...
            Logo vi um Exu, vestindo uma longa capa preta, se aproximar do triste amigo Caveira. O que conversaram não sei, pois não ouvi, e muito menos dotado da faculdade de ler os pensamentos deles eu estava. Mas uma coisa é certa: Os dois saíram a gargalhar muito!
"Engraçado, como é que pode? Tava chorando até agora, e de repente sai rindo de uma hora pra outra?" _ pensei contrariado.
Fiquei alguns dias refletindo sobre isso, e cheguei a uma conclusão. A principal característica de um Exu é o seu bom - humor. Afinal, mesmo em situações muito complicadas, eles sempre têm uma gargalhada boa para dar. Na pior situação, mesmo que de forma sarcástica, eles se divertem. Ele pode escrever certo por linhas tortas, errado por linhas retas, errado em linhas tortas ou sei lá mais o que, mas uma coisa é certa, vai escrever gargalhando.
Admiro esse aspecto de Exu. Tem gente que de tanto trabalhar com Exu torna - se sério, "faz cara de mau", vive reclamando da vida além de tornar - se um grande julgador.
A verdade é que nunca vi Exu reclamar de nada, nem julgar a ninguém. Pelo contrário, o que vejo é que Exu nos ensina a não reclamar da vida, pois tem gente que passa por coisa muito pior e o faz com honra e... Bom - humor!
Vejo também que Exu não julga ninguém, afinal, quem é ele, ou melhor, quem somos nós para julgarmos alguém? Exu ensina que o que nós muito condenamos, assim o fazemos porque isso incomoda. E saber por quê? Porque tudo que condenamos está em nós antes de estar nos outros.
Por isso Exu não gosta daquele que é um falso pregador, aquele que vive dizendo como os outros devem agir, vive dizendo o que é certo, vive alertando os outros contra a vaidade, vive julgando, mas no dia - dia pouco aplica as regras que impõe para os outros. O mundo está cheio deles. E Exu sorri quando encontra um desses. Mais para frente eles serão engolidos por si mesmos. Pela própria sombra. Mas Exu não ri porque fica feliz com isso, muito pelo contrário, ele até sente por aquela pessoa. Mas já que não dá pra fazer outra coisa, o melhor é sorrir mesmo, não é?
O certo é que a linha de Exu nos colocar frente a frente com o inimigo! Mas aqui não estamos falando de nenhum "kiumba", mas sim de nós mesmos. O que eu já vi de médium perdendo a compostura quando "incorporado" com Exu não é brincadeira. Muitos colocam suas angústias pra fora, outros seus medos e inseguranças, muitos seus complexos de inferioridade. Tudo isso Exu permite, para que a pessoa perceba o quanto ela é complicada e enrolada naquele sentido da vida.
            Mas dizem que o pior cego é aquele que não quer ver, e o que tem de gente que não quer enxergar os próprios defeitos...
            E não sobra opção a Exu, a não ser sorrir e sorrir mesmo quando nós nos damos mal. Mas, ainda falando dos múltiplos aspectos contraditórios de Exu, pois ele é a contradição em pessoa, devo ainda relatar mais uma experiência contraditória em relação a sua natureza.
Dia desses, depois de um "pesado trabalho de esquerda", fiquei refletindo sobre algumas coisas. E sempre que assim eu faço, algo estranho acontece.
Nesse trabalho, muitos kiumbas, espíritos assediadores, obsessores, eguns, ou sei lá o nome que você queiram dar, foram recolhidos e encaminhados pelas falanges de Exu que lá estavam presentes. Sabe como é, na Umbanda, a gente não pega um livro pesado e começa a doutrinar os espíritos "desregrados da seara bendita". A gente entra com a energia, com a mediunidade e com os sentimentos bacanas, deixando o encaminhamento e "doutrinação" desses amigos mais revoltados nas mãos dos guias espirituais.
            Esse trabalho foi complicado. Muitos, na expressão popular, estavam "demandando o grupo", ou seja, estavam perseguindo nosso grupo de trabalho e assistência espiritual, pois tinham objetivos e finalidades diversas e opostas. Ninguém tinha arriado um ebó na encruzilhada contra a gente, eram atuações vindas de inteligências opostas ao trabalho proposto e atraídas pelas "brechas vibratórias" de nossos próprios sentimentos e pensamentos. Mas que na Umbanda ainda acha - se que tudo que acontece de errado é culpa de algum ebó na encruzilhada, isso é verdade...
            Bom, o que sei é que alguns dias depois, durante a noite, enquanto eu dormia, alguém me levou até um estranho lugar. Eu estava projetado, desdobrado, desprendido do corpo físico, ou qualquer outro nome que vocês queiram dar. Fenômeno esse muito estudado por diversas culturas espiritualistas do mundo. Fenômeno esse muito comum também dentro da Umbanda, mas pouco estudado, afinal, muitos pensam que Umbanda é "só incorporar" os guias e de preferência de forma inconsciente! Sei, sei...Olha Exu gargalhando novamente!
            Nesse local, um monte de espíritos eram levados até a mim e eu projetava energias de cura em relação a eles. Vi várias pessoas projetadas no ambiente, inclusive gente muito próxima, do grupo. Alguns pouco conscientes, outros ainda nada conscientes. Mas, o importante era e energia mais densa que vinha pelo cordão de prata e que auxiliava no tratamento daqueles irmãos sofredores.
            Por quanto tempo fiquei lá não sei, afinal a noção de tempo e espaço é muito diferente no plano astral. O que sei é que em um certo momento um Exu, que tomava conta do ambiente, veio conversar comigo:
            _Tá vendo quanto espírito a gente tem "pego" daquelas reuniões que vocês fazem? _ perguntou o amigo Exu.
            _ Nossa, quantos, muito mais do que eu podia imaginar.
            _ E isso não é nada, comparado aos milhares que chegam, diariamente, "nas muitas casas" dos guardiões da Umbanda espalhados pelo Brasil.
            _Poxa, mas isso é sinal que o pessoal anda trabalhando bem, não é mesmo?
            _ Hahahaha, mas você é um idiota mesmo, né? Desde quando fazer isso é um bom trabalho? Milhares chegam, mas sabem quantos saem daqui? Poucos! A maioria também para servir as falanges de Exu. O grande problema é que os médiuns de Umbanda, pouco ou nada cuidam dos que aqui ficam precisando de ajuda.
            _ Nossa missão aqui é transformar os antigos valores desses espíritos, mesmo que seja através da dor. Mas, depois disso, muitos precisam ser curados, tratados. E dessa parte os umbandistas não querem nem saber!
            _Ah, ainda eu pego o maldito que disseminou que Umbanda só serve para cortar magias negras e resolver dificuldades materiais. Vocês adoram falar sobre amor e caridade, mas quase ninguém se importa em vir até aqui cuidar desses que vocês mesmos mandaram para cá.
            _ É que muitos não sabem como fazer isso amigo! _ tentei eu defender os umbandistas.
            _ Claro que não sabem! Só se preocupam em "cortar demandas", combater feitiços e destruir "demônios das trevas". Grandes guerreiros! Mas nada fazem sem os vossos Exus, parecendo mais grandes bebês chorões querendo brincar de guerra!
            _ Lembre - se bem. Todos que a mão esquerda derrubar terão que subir pela mão direita. Essa é a Lei. Comecem a se conscientizar que ninguém aqui gosta de ver o sofrimento alheio. Comecem a ter uma visão mais ampla do universo espiritual e da forma como a umbanda relaciona - se com ele.
            _Dedique - se mais a esses que são encaminhados nos trabalhos espirituais. Ore por eles, faça uma vibração por eles, tratem - os com a luz das velas e do coração. Busquem o conhecimento e forma de auxiliá - los.
            _Quero ver se amanhã, quando você não agüentar mais o chicote, e não tiver ninguém para te estender a mão, você vai achar tão "glamuroso" esse ciclo infernal de demandas, perseguições e magias negativas. Isso aqui é só sujeira, ódio, desgraça e tristeza. Poucos têm coragem de pousar os olhos sobre essas paragens sombrias.
            _ É, isso é verdade. Muitos falam, mas poucos realmente conhecem a verdadeira situação do astral inferior a qual a Umbanda e toda a humanidade está ligada, não é mesmo?
            _Hahaha, até que você não é tão idiota! Olha, vou dar um jeito de você lembrar essa conversa ao acordar. Vê se escreve isso pros seus amigos umbandistas! E para de reclamar da vida. Quer melhorar? Trabalhe mais!
            _ Tá certo seu Exu Ganga. Só mais uma coisa. Um dia desses li num livro que Ganga é uma falange relacionada ao "lixo". Mas você apresenta - se como um negro e ao julgar por esses facões nas vossas mãos, acho que nada tem a ver com o lixo...
            _ Lixo é esse livro que você andou lendo! Ganga é uma corruptela do termo Nganga, do tronco lingüístico bantu. Quer dizer "o mestre", aquele que domina algo. O termo foi usado por muitos, desde sacerdotes até mestres na arte da caça, da guerra, da magia, etc. Algo parecido com o Kimbanda, mas esse, mais relacionado diretamente a cura e a prática de Mbanda. A linha de Exus Ganga é formada por antigos sacerdotes e guerreiros negros. É isso! Vê se queima a porcaria do livro onde você leu essa besteira de "lixo"...
            Pouca coisa lembro depois disso.
            Despertei no corpo físico, era madrugada e não fui dormir mais. Agora estou acabando de escrever esse texto, onde juntei duas experiências em relação a Exu. Não sei porque fiz isso, talvez pelo caráter desmistificador da sua figura.
            Pra falar a verdade, essas duas estórias são bem diferentes. Primeiro um Exu que chora, sorri e ensina o bom - humor, o auto - conhecimento e o não julgamento. Depois um Exu que preocupa - se com o "pessoal lá de baixo". Diferente, principalmente daquilo que estamos acostumados a ouvir dentro do meio umbandista.
            Talvez Exu esteja mudando. Talvez nós, médiuns e umbandistas, estejamos mudando. Talvez a umbanda está mudando.
            Ou, quem sabe, a Umbanda e Exu sempre foram assim, nós que não compreendemos direito aquilo que está muito perto de nós, mas é tão diferente ao mesmo tempo.
Dizem que o pior cego é aquele que não quer ver...



Por Fernando Sepe, retirado do site http://www.genuinaumbanda.com.br

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

UM ESPIRITA NO UMBRAL

UM ESPÍRITA NO UMBRAL

Um homem de 55 anos, espírita, sofreu um acidente e morreu de repente. Ele se viu saindo do corpo e chegando a um lugar escuro, feio, tétrico, com energias muito negativas.
Assim que começou a caminhar por aquele vale sombrio, viu três espíritos vestidos com capa preta caminhando em sua direção. Assim que chegaram, o homem perguntou:
– Que lugar é esse?
– Aqui é o que vocês espíritas chamam de umbral – disse um dos espíritos. O homem ficou chocado com aquela informação. Mal podia acreditar que estava no umbral. Considerou que talvez estivesse ali para participar de alguma atividade socorrista aos espíritos sofredores. O espírito negativo, que lia seus pensamentos, respondeu que não. Ele estava ali porque o umbral era a zona cósmica que mais guardava sintonia com suas energias.
– Mas isso é impossível!!! – disse o espírita em desespero. – Não posso estar no Umbral. Deve haver algum erro… Em primeiro lugar eu sou espírita, faço parte dessa religião maravilhosa que é considerada o consolador prometido por Jesus. Realizo também projetos sociais de doação de sopa aos pobres. Ministro o passe magnético duas vezes por semana a uma multidão de pessoas lá no centro. Também ajudo financeiramente instituições de caridade muito necessitadas, além de dar palestras no centro para os iniciantes no Espiritismo. Definitivamente há algo errado…
- Não há nenhum erro – disse o espírito das sombras – Em seu atual estágio de evolução, você tem que ficar aqui mesmo. É verdade que você é espírita e faz parte desta doutrina consoladora, mas intimamente você julgava pessoas de outras religiões inferiores por não serem espíritas. Sim, você realizava projetos sociais dando sopa aos pobres, mas em seus pensamentos sentia-se o máximo praticando a caridade e julgava que os pobres não eram tão evoluídos por estarem amargando a pobreza, quando na verdade muitos deles eram mais puros que você. Sim, você ministrava o passe, mas considerava que seu passe era mais “poderoso” e mais curador do que o passe de outros passistas. Sim, você ajudava financeiramente instituições de caridade, mas dentro de ti sempre dava o dinheiro esperando receber algo em troca e sentindo-se alguém muito “caridoso”. E finalmente… Sim, você dava palestras aos iniciantes na doutrina, mas acreditava ter mais conhecimento que eles e se colocava numa posição de destaque e vaidade intelectual. Tudo isso suscitando uma das maiores chagas da humanidade, o “orgulho” e a “vaidade”.
O homem ficou impressionado com as revelações daquele espírito. De fato, revendo suas atitudes e sua perspectiva, intimamente havia quase sempre um sentimento de superioridade, de orgulho em relação aos outros, diante de tudo o que foi feito.
O espírita então olhou para dentro de si e começou a se arrepender de tudo aquilo, reconhecendo seu erro e sentindo-se mais humilde. Nesse momento, ele sentiu uma luz brilhando dentro dele e começou a se elevar. Ao perceber que estava se elevando e deixando o umbral, avistou outros espíritos ainda presos à condição umbralina e novamente lhe veio um orgulho e uma sensação de superioridade em relação aos mesmos. Após sentir isso, caiu novamente no umbral, e a queda dessa vez foi ainda mais dolorosa. Um dos espíritos trevosos disse:
– Você caiu novamente porque, no momento em que se elevava, começou a sentir uma certa superioridade em relação aos espíritos que aqui estavam, suscitando mais uma vez uma condição de orgulho. Além disso, “A quem muito foi dado, muito será exigido; e a quem muito foi confiado, muito mais será pedido.” (Lucas 12:48). 
O homem ficou muito triste com tudo aquilo. Entrou dentro de si mesmo e com toda a sinceridade pensou: Sim, é isso mesmo. Eu fui uma pessoa arrogante por ser espírita e por tudo o que eu fazia. Esse orgulho neutralizou todo o mérito de minhas ações. Mas tudo bem, eu mereço estar aqui no umbral. Vou ficar por aqui mesmo, quem sabe eu aprendo alguma coisa. Não me importo mais comigo e entrego minha vida a Deus… Como disse Jesus, “Que seja feita a vontade de Deus e não a minha”.
O homem caiu no chão e apenas se entregou a Deus com fé. Nesse momento, não tinha mais nenhum sentimento de autoimportância. Fechou os olhos e deixou tudo fluir…
Nesse momento, seu corpo começou a se tornar um corpo de luz e, sem nem perceber, começou a se elevar novamente. Assim que chegou a uma zona mais elevada, abriu os olhos e, para sua surpresa, havia se libertado do umbral. Dessa vez, nem percebeu que estava se elevando e se libertando.
Um dos espíritos trevosos estava esperando por ele nesse plano mais elevado. Tirou a capa preta e uma luz maravilhosa começou a brilhar. O espírita percebeu que esse espírito não era negativo, mas um espírito de luz que o estava ajudando desde o início. O espírito disse:
– Tua renúncia de ti mesmo no último momento te salvou do umbral. Que tudo isso sirva de lição para você, meu filho. Toda essa experiência que você passou serve para os membros de qualquer religião. E não se esqueça jamais do que disse Jesus: “Não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita.” (Mateus 6:3)

Obs.: Está aí o trabalho de um Exu pra quem não conhece, eles estão entre nós para cumprir a lei e são espíritos que, apesar de trabalharem nas regiões umbralinas, são de muita luz e sabedoria e nos ajudam desde o nosso princípio aqui no plano terreno.