terça-feira, 5 de julho de 2016

O PREÇO DA PREGUIÇA

             
O PREÇO DA PREGUIÇA

Havia um sábio que não poupava esforços para ensinar bons hábitos a seu povo. Freqüentemente, fazia coisas que pareciam estranhas e inúteis, mas tudo o que fazia era para ensinar o povo a ser trabalhador e cauteloso. Ele dizia:
- Nada de bom pode vir de uma nação , cujo povo reclama e espera que outros resolvam seus problemas. Deus dá as coisas boas da vida a quem lida com os problemas por conta própria.
            Uma noite, enquanto todos dormiam, ele pôs uma enorme pedra na estrada. Depois, foi se esconder atrás de uma cerca, e esperou para ver o que acontecia. Primeiro, veio um fazendeiro com uma carroça carregada de sementes, que levava para moagem na usina.
- Quem já viu tamanho desatino ? - disse ele contrariado, enquanto desviava sua parelha e contornava a pedra - Por que esses preguiçosos não mandam retirar essa pedra da estrada ? E continuou reclamando da inutilidade dos outros, mas, sem ao menos tocar, ele próprio, na pedra.
            Logo depois, um jovem soldado veio cantando pela estrada. Ele pensava na maravilhosa coragem que mostraria na guerra, e não viu a pedra. Tropeçou nela e se estatelou no chão poeirento. Ergueu-se, sacudiu a poeira da roupa, pegou a espada e enfureceu-se com os preguiçosos que haviam largado uma pedra imensa na estrada. Ele também se afastou, sem pensar, uma única vez, que ele próprio poderia retirar a pedra.
            Assim correu o dia. Todos que por ali passavam reclamavam e resmungavam por causa da pedra colocada na estrada, mas ninguém a tocava. Finalmente, ao cair da noite, a filha do moleiro por lá passou. Era muito trabalhadeira, e estava cansada, pois, desde cedo, andava ocupada no moinho. Mas, disse a si mesma:
- Já está escurecendo, alguém pode tropeçar nesta pedra à noite e se ferir gravemente. Vou tirá-la do caminho.
E tentou arrastar dali a pedra. Era muito pesada, mas a moça empurrou, empurrou, puxou e inclinou a pedra, até que conseguiu retirá-la do lugar. Para sua surpresa, encontrou uma caixa debaixo da pedra. Era pesada, pois estava cheia de alguma coisa. Havia na tampa os seguintes dizeres:
            "Esta caixa pertence a quem retirar a pedra".
            Ela abriu e descobriu que estava cheia de ouro. A filha do moleiro foi para casa com o coração feliz. Quando o fazendeiro e o soldado e todos os outros ouviram sobre o que houvera ocorrido, juntaram-se em torno do local na estrada onde a pedra estava. Revolveram o pó da estrada com os pés, na esperança de encontrar um pedaço de ouro. Então, o sábio disse:

            - Meus amigos: com freqüência encontramos obstáculos e fardos no caminho. Podemos reclamar em alto e bom som, enquanto nos desviamos deles, se assim preferirmos, ou podemos erguê-los e descobrir o que eles significam. A decepção é, normalmente, o preço da preguiça.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

A PRESSA DE INCORPORAR E SUAS CONSEQUENCIAS

A pressa de Incorporar e suas consequências.

O tema que estarei abordando é uma das maiores dificuldades encontradas dentro dos terreiros, e muitas vezes não começa ali no iniciar dentro da gira, começou bem antes quando aquele médium ainda era um consulente. Muitas pessoas quando entram num terreiro, ficam encantadas, acham aquilo tudo muito magico, acham tudo lindo, e com o tempo começam a querer fazer parte daquilo tudo, não se contentam mais em ser apenas consulentes, sentem como um chamamento, mas tem um porém, qualquer dirigente no mínimo responsável sabe perfeitamente que o ingressar dentro de um terreiro é algo de suma responsabilidade, comprometimento e seriedade, ali não é um brinquedo de um parque de diversão onde a pessoa quer passar umas horas e brincar e quando cansar largar, e que essa empolgação pode ser algo passageiro.
Quando  ocorre o despertar consciencial de uma pessoa não tem volta, é como uma casca de ovo que se quebra, aquela pessoa foi tocada pelo espiritual.
Infelizmente algumas pessoas pensam apenas impulsivamente sobre o assunto, na euforia do momento, e querem que por que querem estar dentro da gira, é onde começa o primeiro sintoma da tal complicada pressa.
Já na assistência, notamos mudanças com essa pessoa, a qual não pode sentir um arrepio se quer, que lá está ela passando mal, acreditem muitos casos “esse passar mal” é pura sugestão no intuito do guia chefe ou mesmo dirigente fazer o tal esperado convite  “… você quer entrar para a corrente…”uma coisa que é muito notado é que quando esse chamamento está ocorrendo de fato vindo pelo espiritual, o médium sente automaticamente o peso da responsabilidade, e ele teme, não corresponder, mas passando por esse estágio de descoberta, nesse momento começa a euforia, a empolgação, uma ansiedade enorme de criar borboletas no estomago, é gostoso de se ver, mas em alguns casos infelizmente para alguns médiuns não irá passar de uma chuva de verão.
Após entrar…
O Médium quando já do uso da sua roupa branca, ele começa a observar toda a rotina da casa, seus deveres e direitos, pela qual escolheu, quando da escolha de uma casa correta e bem dirigida, ele vai observar que existe toda uma disciplina na parte do desenvolvimento mediúnico, e ele começa a perceber algumas entrelinhas, dentre algumas, que não basta ele colocar branco, para “incorporar” acoplar espiritualmente com seu guia, que não é tão fácil assim, como ele havia pensado.
Em outras situações ele se frustra porque percebe que alguns médiuns estão tendo mais facilidade de incorporar que ele. Ele por sua vez começa a ouvir conversas nos bastidores, “… há levei no máximo 3 giras para incorporar com meu preto velho, eu levei também coisa de dias…”, e ele já está no terreiro já algum tempo, e só sente vibrações. E ali começa a se comparar, se achando o pior dos piores dentro da corrente. ISSO NÃO PODE ACONTECER.
O trabalho mediúnico e espiritual na Umbanda não se limita a apenas a incorporar um guia.
Logo após essas observações, lá vem a tão famigerada PRESSA, e com ela a FRUSTRAÇÃO, o médium começa a perceber, que não era tão simples assim,  e começa a questionar, porque eu não consigo incorporar?
O médium iniciante, primeiramente ele tem que ser o máximo verdadeiro e sincero possível, precisa confiar no seu dirigente, nos guias chefes do terreiro, os quais estarão ali para assessorar no que for possível, precisa haver sempre uma conversa franca, consciente, onde o médium tem que ter o espaço para falar de suas sensações e medos para que as mesmas sejam explicadas e orientadas. O médium quando do processo de acoplamento espiritual, tem que haver uma entrega, uma confiança para aquele guia que quer se manifestar, o médium ele deve entender que ele é um instrumento, e confiar na direção dos guias chefes da casa os quais estarão conduzindo bem de perto todo processo e caso ocorra algo errado estarão ali também para consertar e direcionar o que for preciso. Sem esse desprendimento, confiança, o médium não irá conseguir fazer a entrega necessária. O medo de errar, muitas vezes inibe a chance de acertar, então não tenham medo de errar, porque errando vocês estarão aprendendo. Evitem de falar sobre suas duvidas mediúnicas e espirituais com médiuns dentro do terreiro que lhes faltem a licença e conhecimento para isso. Uma má orientação pode ser devastadora na mente de um médium iniciante.Lembre-se CONFIANÇA, faltou a mesma, talvez a casa e o dirigente não sejam para você. Infelizmente é bem assim.
Pois é pessoal, primeiramente devemos frisar que dentro de uma casa espiritual, o carro chefe são os médiuns de incorporação, mas a grande questão é que há outros dons mediúnicos, que muitas vezes vem agregados com o de incorporação mas isso não é uma regra, alguns médiuns NUNCAincorporação nas suas vidas, muitos serão auditivos, videntes, clarividentes, olfativos, dons esses extremamente necessários dentro de uma casa espiritual, mas não serão de incorporação.
Quando o médium por ventura descobre sobre esse fato, ele fica meio que perturbado, ele queria muito aquilo, muitas vezes até por falta de orientação, fica decepcionado porque ele acha dentro da sua cabeça, que teria importância apenas se fosse de incorporação, e isso não é verdade. O que seria de nossos terreiros se não fosse nossos amados  CAMBONOS, médiuns extremamente necessários, braços direito e esquerdo de qualquer dirigente e guia chefe de um terreiro, vejam bem estou falando de cambonos que realmente nunca irão incorporar, mas que são colunas energéticas essenciais dentro de qualquer casa. Mas muitas vezes o médium simplesmente não quer entender, acaba irritado e por ventura sai daquela casa que o acompanhou e pensa “… essa casa é que não prestava…”, interessante, mas há controversas, muitas vezes esse médium vai para outra casa, pode ocorrer que na outra realmente faltou algo a mais, ou simplesmente não era o lugar dele, pode acontecer é claro, mas muitas vezes ele pode  ter a infelicidade de cair na mão de um péssimo dirigente, onde por ele será  orientado de erradas formas e por ventura, ele irá começar a se auto sugestionar.
Vou dar um exemplo:
A pressa muitas vezes, não é só oriunda da expectativa de um médium, muitas vezes ela vem pela mão do próprio dirigente o qual deveria combatê-la, daqueles que ficam rodando… rodando.. rodando.. sem parar seus médiuns, tipo pião, ou vai ou racha, o cidadão pensa “… vou colocar um guia nesse menino seja por bem ou por mal…”, e como isso judia, só quem já passou, ou viu de perto sabe como é danoso esses extremos. Muitas vezes o médium, por não querer mais passar por aquilo, muitas vezes ele se auto sugestiona, infelizmente finge estar com o guia, para que aquele sofrimento acabe, médiuns assim ficam extremamente anímicos, uns realmente acreditam estar incorporados, outros por outro lado, não sentem nada de irradiação e fluidificação espiritual e fingem, mistificação, esse é um dos piores erros que um médium pode cometer. E deixo uma questão no ar, e você dirigente quer médiuns sugestionados ou realmente acoplados com seus guias?
 frisando que a técnica de girar o médium bem conduzida é muito pertinente em alguns casos, mas frisando quando bem conduzida, e não fazendo do médium um pião desgovernado.
Um médium sugestionado, é visível que a algo errado com ele, as pessoas começam a notar que está ali o médium e não o guia, na realidade ele acaba passando por algumas situações onde ele mesmo se perde. Um médium nesse ponto, deve ser muito bem orientado, direcionado, doutrinado, muitas vezes quando vindo de maus costumes de outras casas deverá recomeçar pelo seu próprio bem. Muitos médiuns quando só fluidificados pelo guia já acham que estão incorporados e acabam que acelerando o processo de incorporação, deixando o guia em segundo plano.
Médiuns aprendam uma coisa, não existe comparação de um médium para com o outro, cada médium traz consigo sua trajetória, sua missão, é totalmente equivocado e errado se auto comparar com a trajetória de um outro médium. Os médiuns dentro do terreiro são peças únicas, com vivências e trajetórias próprias.
Cada médium tem seu tempo para realizar seu acoplamento espiritual, há médiuns que levaram dias, outros meses, e outros anos.
Sabe aquele ditado que diz: “… a pressa é a inimiga da perfeição…”
O que adianta ter pressa, dar ali um estremecimento com o corpo em segundos, se o guia ainda tá mais de 4 metros de distância (só um comparativo do que acontece) e o médium já está no terreiro incorporado,  todo mundo olha e vê ali o médium e não o guia, não tem a autenticidade a veracidade do guia.
Tem médiuns que incorporam rápido, sim claro, mas você sente o guia ali, eu conheci um médium que incorporava muito rápido, mas em segundos ele se transformava a olhos vistos, você via ali a presença autentica do guia.
Não importa a forma e sim o conteúdo dessa manifestação, cada médium tem uma forma especifica de realizar o acoplamento, o importante é que ali esteja o guia e não o médium. Uma das primeiras lições que tive é que INCORPORAÇÃO, é o médium deixar de ser ele mesmo, ele cede o papel principal para seu guia, sua entidade. Quando o médium sente mais ele que o guia tem algo errado.  E vejam bem, isso não tem nada haver com mediunidade consciente, semi-inconsciente, ou inconsciente. Porque já conheci médiuns conscientes excelentes, e por outro lado médiuns que se diziam inconscientes mistificadores natos. Trágico.
Ai pergunto, o que vale incorporar com tanta pressa, se aquela incorporação não passa confiança, seriedade e autenticidade.
Uma outra questão, muito falada de forma errada, muitas pessoas falam para o médium se ele não incorporar rápido, o guia vai abandonar o médium. Pessoal, a ligação é de lá de cima para baixo, o guia conseguirá incorporar quando esse médium estiver seguro e preparado para isso. Agora vejam bem, se o médium fica sendo pressionado, coagido, se é imposto medo a ele,ELE NUNCA VAI CONSEGUIR INCORPORAR NADA, A NÃO SER ELE MESMO dependendo da forçação de barra diga-se de passagem. E infelizmente essa falta de conhecimento está vindo de dirigentes, não somente dos médiuns.
GUIA NÃO ABANDONA MÉDIUM E PONTO FINAL. Um guia tem uma missão especifica com cada pupilo, ele independente da dificuldade de um médium X, ele jamais irá abandoná-lo por outro, porque ele como guia tem outros médiuns em vários estágios de desenvolvimento, ele é o professor o médium seu aluno. Então não existe essa pressão psicológica de dizer, “… se você ficar bloqueando seu guia, ele vai te largar…”, pura falta de conhecimento. A única coisa que provoca um afastamento de um guia, e a falta de compostura, índole, seriedade, caridade e bondade de seu médium, um guia idôneo não se compraz no mal e nem na maldade, questão de sintonia, mas caso esse médium se volte a luz novamente eles estarão ali para o receber, mas mesmo assim sempre mandaram sinais para que ele retome ao bom caminho. Mas jamais irá se afastar de seu médium num processo de aprendizagem e despertar consciencial.
Uma questão referente a incorporação que muitas vezes passa desapercebida, é que tem casos que o médium irá sentir o fluido da energia do guia, ao ponto de causar efeitos em sua matéria mas que nunca irá chegar em uma incorporação plena, o médium ele como um catalizador, ele absorve aquela energia para depois doar a quem está em volta. Um outro caso que pode ocorrer é que um médium ele pode ser instrumento de um guia, no caso de um acoplamento espiritual, uma única vez na vida por um determinado propósito e nunca mais incorporar com um guia, muitas vezes esse tipo de trabalho espiritual e incorporação é possível porque o médium se encontra a sua volta com outros médiuns e guias, o qual o magnetismo espiritual desses médiuns e guias faz com que ocorra a manifestação.
O desenvolvimento espiritual, digo desenvolvimento por ser uma forma de melhor entendimento e que já virou que costume o uso do termo, mediunidade não se desenvolve ela se desperta, é o despertar consciencial do médium, é algo muito complexo, sério, deve ser feito com muita responsabilidade, e JAMAIS COM PRESSA.
A gente vê certas falhas muito complexas dentro de um terreiro, de um lado médiuns afoitos, apressados e ansiosos, de outro dirigentes os quais parece que acham que ver seus médiuns incorporados ali é questão de status e ibope a sua casa, não priorizando a qualidade mediúnica necessária para um bom atendimento espiritual, ali exposta, está se perdendo o comprometimento e seriedade que esse despertar exige, isso não é brincadeira, não é uma pista de corrida, que quem ganha é quem incorpora primeiro, ou diria mais rápido, estão brincando de serem médiuns. O lidar com a espiritualidade exige-se respeito, ela é tudo menos uma brincadeira.
Uma das grandes dificuldades tanto dos dirigentes quando dos próprios guias e mentores é lidar com a teimosia de médiuns que não sabem ouvir, e aplicar determinadas orientações, tudo tem que ser no tempo deles e não é assim, a ligação é de lá de cima para baixo, não tem como mudar isso e caso a pressa e a teimosia insistam, fatalmente nos deparamos com médiuns literalmente na mão,  o tal  “borococho” o guia tá ali léguas de distância e o médium se passando por ele. E sabe o que é mais triste? é quando esse médium faz um papelão dentro do terreiro, mesmo depois de ser orientado, ele insiste em brincar de dar espírito. Fatalmente esse médium fica desacreditado e envergonhado.
Alguns médiuns deveriam aprender o valor do silêncio, e ficarem com suas boquinhas fechadas de quando não saberem das minucias sobre um determinado assunto, principalmente no que condiz a ESPIRITUALIDADE E MEDIUNIDADE se limitarem a aprenderem e não quererem ensinar o que não sabem nem para eles.
Cansei de ver médiuns, debochando de outros porque eles “supostamente” estavam incorporando, enquanto o irmão do lado só estava na fase do bambear. Só que lhes afirmo, vi muito médium que ninguém dava nada por ele, se manifestarem com guias e mentores com uma sabedoria milenar, é o tal julgar o conteúdo pelo frasco.
Médiuns determinadas orientações devem ser dadas por aqueles que tem competência para isso, cuidado, uma má orientação pode fazer com que se perca um médium promissor, que teria muito a oferecer, mas que por frustração ou por não se achar capaz, achou melhor abandonar tudo. Olha a responsabilidade e o peso de desviar um médium do seu caminho.
Tenham pressa na vontade de aprender, de colaborar com a casa, de ouvir. Pressa de incorporar é bobagem não importa se a sua primeira manifestação irá vir quando você menos esperar depois de anos, o que importa que aquela INCORPORAÇÃO SEJA VERDADEIRA.
E tomem muito cuidado com a fantasia, muitos de nossos guias, mentores e entidades foram pessoas simples e humildes, cuidado com essa onda de realeza, tem muito rei que não precisa de coroa e muito plebeu exigindo a mesma. Lembrem-se estamos falando de guias sérios de entidades espirituais comprometidas com a verdade. Certas realezas por mais que eles tem, não necessariamente são exploradas ou mostradas.
Espero que com essas orientações, abra reflexões a respeito, para que sejamos os médiuns necessários que nossos guias esperam de nós.
Que Oxossi nos traga sabedoria.
Cristina Alves

Templo de Umbanda Ogum 7 Ondas e Cabocla Jupira

O MÉDIUM PODE PERDER SUAS FACULDADES?

O MÉDIUM PODE PERDER SUAS FACULDADES?

"- Isso acontece com frequência, qualquer que seja o gênero da faculdade. Mas quase sempre, também, não passa de uma interrupção momentânea, que cessa com a causa que a produziu." O Livro dos Médiuns - Allan Kardec (Cap. XVII, questão 220).
Qualquer médium pode ter a ostensividade mediúnica suspensa temporariamente, ou mesmo em definitivo, a depender das suas condiçôes físicas e morais. Geralmente, os motivos que o obrigam à inatividade na mesa, pois a mediunidade pode ser exercitada em atos fraternos exteriores à sala mediúnica, são os seguintes:
- Problemas de saúde.
- Mau uso da faculdade.
- Obsessão.
- O teste da perseverança.
- Parada para reflexão.
- Inacessibilidade ao centro espírita.
Problemas de saúde. A mediunidade requer, como qualquer outra atividade, um organismo sadio para o seu desempenho. Mentes frágeis e impressionáveis, corpos sem vitalidade geralmente não se adaptam à mesa dos trabalhos, por exigir esta que o intermediário, na sua atuação de enfermeiro, doe do seu fluido vital, ao mesmo tempo. que suporte a carga emocional de quem o busca. Mediunidade é esforço e sacrifício.
Aquele que, por sua debilidade, não consegue empreender o esforço e, por sua constituição orgânica não suporta o sacrifício, é levado a uma suspensão temporária ou definitiva até que se recupere. Se a debilidade orgânica é causada por qualquer tipo de desregramento, a suspensão toma o caráter de punição, pois o operador tornou-se não-confiável, invertendo-se a sua posição de enfermeiro a paciente, como mandam as regras disciplinares.
Mau uso da faculdade. Se o medianeiro não consegue atuar orientando-se pelos postulados espíritas e evangélicos, se menospreza as virtudes fazendo culto à irresponsabilidade e cobiça, vulgarizando a sua faculdade em intercâmbio incompatível com as regras do bem, seu anjo guandião e seus amigos, que tudo fizeram para orientá-lo, podem decidir por uma suspensão da faculdade ou por deixá-la permanecer a serviço dos seus interesses, em conluio com seus sequazes, para que ele decida, pelas dores que trará a si, por um retorno às trilhas da dignidade. Ocorre, às vezes, que o médium sofre a suspensáo da mediunidade e, por orgulho ou interesse, passa a mistificar dizendo-se porta-voz dos Espíritos via mediunidade ostensiva, quando na realidade encena, praticando o simples mediunismo não ostensivo a que todos nos vinculamos. Nesse caso, ele é apenas um farsante e como tal deve ser tratado.
Obsessão. Pode ocorrer que o médium, em plena atividade na casa espírita, venha, por invigiláncia, a tornar-se vítima de um obsessor. Isso é tão comum que tenho assistido a muitos eventos dessa natureza. Como a regra geral é o médium obsidiado náo dar passividade, este afasta-se dos trabalhos, permanecendo, quando a obsessão não lhe privou da lucidez nem da vitalidade, na subcorrente, sob a orientação do doutrinador e dos Espíritos amigos. O período de tempo em que a suspensão persiste varia conforme a gravidade do caso.
Uma trabalhadora em exercício mediúnico ativo vinculada a nossa casa espírita reencontrou antiga rival desencarnada, que passou a assediá-la, dando origem a violento processo obsessivo, o qual determinou a suspensão da mediunidade por dois anos seguidos. Superado o processo, voltou à atividade normal, com mais eficiência e responsabilidade. Em se tratando de obsessões, nem o tempo na doutrina, nem o cargo ou função são capazes de livrar o seareiro de tal tropeço; apenas a sua autoridade moral o fará.
O teste da perseverança. Perseverança quer dizer persistência. Quem não se decide por um caminho ou ideal, quem é portador de idéias flutuantes, ou seja, o que vacila e muda conforme os ventos, não está apto ao exercício mediúnico. O Evangelho é claro: "Sim, sim ; não, não; tomar o arado e não olhar para trás; fidelidade no pouco e no muito". Não se é espírita quando se duvida da espiritualidade. Não se é médium quando se é incerto na mediunidade. Pode suceder, então, ao aprendiz vacilante, menos assíduo, apático, cheio de questionamentos acerca da sua própria faculdade, que uma suspensão, para que estude e se defina como espírita, seja uma necessidade. O retorno da faculdade condiciona-se, então, à sua afirmação, dado que, para o exercício de qualquer função cuja especificidade seja definida, se exige que o operador seja qualificado e treinado no serviço.
Parada para reflexão. Às vezes, o médium surpreende-se diante de problemas financeiros, domésticos, emocionais, que lhe tiram a paz íntima, necessária ao desempenho da mediunidade. Como auxiliar o que sofre, se no momento ele parece sofrer mais? Como demonstrar fortaleza, se a fragilidade é por demais ostensiva? É o divórcio que lhe bate à porta. É a viuvez, o desemprego, o desencarne do filho, os acidentes a que todos estamos sujeitos em um mundo de dor. Os mentores espirituais, usando de benevolência, promovem a suspensão temporária, para que ele reflita e, depois, com a ajuda de todos, encarnados e desencarnados, volte ao estado harmônico exigido ao seu mister. A volta ao trabalho nessas circunstâncias sempre se constitui em tônico revigorante para o Espírito, visto ser o trabalho o antídoto do desespero.
Inacessibilidade ao centro espírita. Não raro, o seareiro da mediunidade é transferido a locais onde ainda não existe uma casa espírita. Sendo o exercício mediúnico facilitado pelo ambiente indutor do centro espírita, quando deste nos afastamos a faculdade mediúnica parece adormecer. Em tais ocasiões, o médium não deve abater-se mas continuar a cultivar a sua faculdade através do esfôrço renovador para com os sofredores. Caso este companheiro não encontre no novo ambiente pessoas atinadas com o seu ideal, para que seja criado um grupo espírita, só lhe resta esperar e batalhar por outra remoção, o que com certeza terá o aval dos amigos da espiritualidade.
Em todas as situações descritas, o médium jamais estará abandonado, seja o seu caso perda ou suspensão da mediunidade. O que interessa aos Bons Espíritos é o retorno do pupilo e o seu conseqüente desempenho, no que são empreendidos todos os esforços. Quando não for possível a reabilitação do trabalhador, este sempre possui o crédito da caridade de seus benfeitores espirituais, que jamais é negada, nem mesmo a quem se torna implacável perseguidor daquele que o beneficia.

Luiz G. Pinheiro

A INATIVIDADE MEDIÚNICA PERTURBA A SAÚDE DO MÉDIUM?

A inatividade mediúnica perturba a saúde do médium?

            O médium de prova é um espírito que antes de descer à carne recebe um "impulso" de aceleração perispiritual mais violento do que o metabolismo do homem comum, a fim de se tornar o intermediário entre os "vivos" e os "mortos". Assim como certos indivíduos, cuja glândula tireóide funciona em ritmo mais apressado - e por isso vivem todos os fenômenos psíquicos emotivos de sua existência de modo antecipado - o médium é criatura cuja hipersensibilidade oriunda da dinâmica acelerada do seu perispírito o faz sentir, com antecedência, os acontecimentos que os demais homens recepcionam de modo natural.
            Compreende-se, então, o motivo por que o desenvolvimento disciplinado mediúnico e o serviço caritativo ao próximo, pela doação constante de fluidos do perispírito, proporciona certo alívio psíquico ao médium e o harmoniza com o meio onde habita. Algo semelhante a um acumulador vivo, ele sobrecarrega-se de energias do mundo oculto e depois necessita descarregá-las num labor metódico e ativo, que o ajude a manter sua estabilidade psicofísica. A descarga da energia excessiva e acumulada pela estagnação do trabalho mediúnico, fluindo para outro pólo, não só melhora a receptividade psíquica como ainda eleva a graduação vibratória do ser.
            O fluido magnético acumulado pela inatividade no serviço mediúnico transforma-se em tóxico pesando na vestimenta perispiritual e causando a desarmonia no metabolismo neuro-orgânico. O sistema nervoso, como principal agente ou elo de conexão da fenomenologia mediúnica para o mundo físico, superexcita-se pela contínua interferência do perispírito hipersensibilizado pelos técnicos do Espaço, e deixa o médium tenso e aguçado na recepção dos mínimos fenômenos da vida oculta. Deste modo, o trabalho, ou intercâmbio mediúnico, significa para o médium o recurso que o ajuda a manter sua harmonia psicofísica pela renovação constante do magnetismo do perispírito, à semelhança do que acontece com a água estagnada da cisterna, que se torna mais potável quanto mais a renovam pelo uso. Na doação benfeitora de fluidos ao próximo, o médium se afina e sensibiliza para se tornar a estação receptora de energias de melhor qualidade em descenso do plano Superior Espiritual.