segunda-feira, 4 de julho de 2016

O MÉDIUM PODE PERDER SUAS FACULDADES?

O MÉDIUM PODE PERDER SUAS FACULDADES?

"- Isso acontece com frequência, qualquer que seja o gênero da faculdade. Mas quase sempre, também, não passa de uma interrupção momentânea, que cessa com a causa que a produziu." O Livro dos Médiuns - Allan Kardec (Cap. XVII, questão 220).
Qualquer médium pode ter a ostensividade mediúnica suspensa temporariamente, ou mesmo em definitivo, a depender das suas condiçôes físicas e morais. Geralmente, os motivos que o obrigam à inatividade na mesa, pois a mediunidade pode ser exercitada em atos fraternos exteriores à sala mediúnica, são os seguintes:
- Problemas de saúde.
- Mau uso da faculdade.
- Obsessão.
- O teste da perseverança.
- Parada para reflexão.
- Inacessibilidade ao centro espírita.
Problemas de saúde. A mediunidade requer, como qualquer outra atividade, um organismo sadio para o seu desempenho. Mentes frágeis e impressionáveis, corpos sem vitalidade geralmente não se adaptam à mesa dos trabalhos, por exigir esta que o intermediário, na sua atuação de enfermeiro, doe do seu fluido vital, ao mesmo tempo. que suporte a carga emocional de quem o busca. Mediunidade é esforço e sacrifício.
Aquele que, por sua debilidade, não consegue empreender o esforço e, por sua constituição orgânica não suporta o sacrifício, é levado a uma suspensão temporária ou definitiva até que se recupere. Se a debilidade orgânica é causada por qualquer tipo de desregramento, a suspensão toma o caráter de punição, pois o operador tornou-se não-confiável, invertendo-se a sua posição de enfermeiro a paciente, como mandam as regras disciplinares.
Mau uso da faculdade. Se o medianeiro não consegue atuar orientando-se pelos postulados espíritas e evangélicos, se menospreza as virtudes fazendo culto à irresponsabilidade e cobiça, vulgarizando a sua faculdade em intercâmbio incompatível com as regras do bem, seu anjo guandião e seus amigos, que tudo fizeram para orientá-lo, podem decidir por uma suspensão da faculdade ou por deixá-la permanecer a serviço dos seus interesses, em conluio com seus sequazes, para que ele decida, pelas dores que trará a si, por um retorno às trilhas da dignidade. Ocorre, às vezes, que o médium sofre a suspensáo da mediunidade e, por orgulho ou interesse, passa a mistificar dizendo-se porta-voz dos Espíritos via mediunidade ostensiva, quando na realidade encena, praticando o simples mediunismo não ostensivo a que todos nos vinculamos. Nesse caso, ele é apenas um farsante e como tal deve ser tratado.
Obsessão. Pode ocorrer que o médium, em plena atividade na casa espírita, venha, por invigiláncia, a tornar-se vítima de um obsessor. Isso é tão comum que tenho assistido a muitos eventos dessa natureza. Como a regra geral é o médium obsidiado náo dar passividade, este afasta-se dos trabalhos, permanecendo, quando a obsessão não lhe privou da lucidez nem da vitalidade, na subcorrente, sob a orientação do doutrinador e dos Espíritos amigos. O período de tempo em que a suspensão persiste varia conforme a gravidade do caso.
Uma trabalhadora em exercício mediúnico ativo vinculada a nossa casa espírita reencontrou antiga rival desencarnada, que passou a assediá-la, dando origem a violento processo obsessivo, o qual determinou a suspensão da mediunidade por dois anos seguidos. Superado o processo, voltou à atividade normal, com mais eficiência e responsabilidade. Em se tratando de obsessões, nem o tempo na doutrina, nem o cargo ou função são capazes de livrar o seareiro de tal tropeço; apenas a sua autoridade moral o fará.
O teste da perseverança. Perseverança quer dizer persistência. Quem não se decide por um caminho ou ideal, quem é portador de idéias flutuantes, ou seja, o que vacila e muda conforme os ventos, não está apto ao exercício mediúnico. O Evangelho é claro: "Sim, sim ; não, não; tomar o arado e não olhar para trás; fidelidade no pouco e no muito". Não se é espírita quando se duvida da espiritualidade. Não se é médium quando se é incerto na mediunidade. Pode suceder, então, ao aprendiz vacilante, menos assíduo, apático, cheio de questionamentos acerca da sua própria faculdade, que uma suspensão, para que estude e se defina como espírita, seja uma necessidade. O retorno da faculdade condiciona-se, então, à sua afirmação, dado que, para o exercício de qualquer função cuja especificidade seja definida, se exige que o operador seja qualificado e treinado no serviço.
Parada para reflexão. Às vezes, o médium surpreende-se diante de problemas financeiros, domésticos, emocionais, que lhe tiram a paz íntima, necessária ao desempenho da mediunidade. Como auxiliar o que sofre, se no momento ele parece sofrer mais? Como demonstrar fortaleza, se a fragilidade é por demais ostensiva? É o divórcio que lhe bate à porta. É a viuvez, o desemprego, o desencarne do filho, os acidentes a que todos estamos sujeitos em um mundo de dor. Os mentores espirituais, usando de benevolência, promovem a suspensão temporária, para que ele reflita e, depois, com a ajuda de todos, encarnados e desencarnados, volte ao estado harmônico exigido ao seu mister. A volta ao trabalho nessas circunstâncias sempre se constitui em tônico revigorante para o Espírito, visto ser o trabalho o antídoto do desespero.
Inacessibilidade ao centro espírita. Não raro, o seareiro da mediunidade é transferido a locais onde ainda não existe uma casa espírita. Sendo o exercício mediúnico facilitado pelo ambiente indutor do centro espírita, quando deste nos afastamos a faculdade mediúnica parece adormecer. Em tais ocasiões, o médium não deve abater-se mas continuar a cultivar a sua faculdade através do esfôrço renovador para com os sofredores. Caso este companheiro não encontre no novo ambiente pessoas atinadas com o seu ideal, para que seja criado um grupo espírita, só lhe resta esperar e batalhar por outra remoção, o que com certeza terá o aval dos amigos da espiritualidade.
Em todas as situações descritas, o médium jamais estará abandonado, seja o seu caso perda ou suspensão da mediunidade. O que interessa aos Bons Espíritos é o retorno do pupilo e o seu conseqüente desempenho, no que são empreendidos todos os esforços. Quando não for possível a reabilitação do trabalhador, este sempre possui o crédito da caridade de seus benfeitores espirituais, que jamais é negada, nem mesmo a quem se torna implacável perseguidor daquele que o beneficia.

Luiz G. Pinheiro

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