UMBANDA,
UMA ESCOLA COMPLETA.
Uma casa, uma aldeia, uma corrente que vive a
sua fé na Umbanda se agrupa em uma estrutura familiar e comunitária. O
sacerdócio é definido como “Pai ou Mãe no santo” e os integrantes deste grupo
como “filhos de fé, filhos de pemba”. Deste modo cada casa recebe seus filhos,
desenvolve sua corrente espiritual como também laços afetivos entre seus
membros construindo assim uma família de fé.
Fazer parte dessa família é um ato livre onde cada um
escolhe estar.
Nesse iluminado projeto espiritual chamado Umbanda, o
desenvolvimento que se propõe não se limita ao religioso. O envolvimento também
desenvolverá ou não as dimensões afetiva e social, pois integra as pessoas em
relacionamentos mais próximos. Uma grande oportunidade de superar as
deficiências relacionais e emocionais que na maioria das vezes se adquire na
própria família em que nasceu ou em relações anteriores. Cada um é acolhido na
Umbanda por inteiro, com suas qualidades e defeitos.
Nessa diversidade de pessoas que se agrupam com todas as
suas complexidades, temos os recursos da espiritualidade que nos assiste.
Assim, as linhas de trabalho que na Umbanda se apresentam (caboclos,
pretos-velhos, baianos, marinheiros, crianças, exus e pombas giras ...) são
exemplos vivos do caráter, da amorosidade, da capacidade de perdão, da
disciplina e da verdade que precisamos aprender. São existências que se
manifestam em nós expressando para o grupo as orientações, conselhos e
correções necessárias para o crescimento de todos. A corrente espiritual se
esforça ao máximo em disponibilizar através da ritualística, dos fundamentos,
dos preceitos e de outras atividades, momentos de formação integral da pessoa.
Na Umbanda o aprendizado é constante, seja em qual atividade for.
Muitas pessoas se equivocam quando tentam viver na Umbanda
um individualismo ou uma relação somente com as entidades. Se não houver
disposição em interagir com os outros não há sentido de estar em uma corrente
umbandista. Se não houver a consciência da limitação de cada um e a prática do
respeito com o próximo, a vivência na Umbanda será infeliz. E é em estado de
insatisfação que se avalia com mais precisão o caráter de uma pessoa, pois sem
perceber ela se expõe e se revela.
Para os que possuem maturidade e inteligência, a
discrição e o respeito são atitudes naturais se desligando da casa com a mesma
liberdade que entrou. O processo é leve e prático. Preservam-se as amizades e a
própria história com suas experiências assumidas, conservando a própria
identidade. No entanto esse agir é para poucos, quase uma utopia.
A realidade em nossos terreiros é de pessoas que
insatisfeitas geram tumultos, calúnias e muitas tensões. Refletem o ego
inflado, não percebendo que com essas atitudes revelam apenas a falta de
caráter e de lucidez de si mesmo. Acorrentadas em suas próprias vaidades se
distanciam da espiritualidade que os educam ignorando muitas vezes as lições
básicas da vida. Empenham-se em divulgar para os outros seus julgamentos com o
intuito de ver a casa que um dia o acolheu com tanto amor ser destruída. São pessoas
que vivem nas beiradas da vida, nos extremos. Do “amor” declarado se atinge
rapidamente ao ódio aplicado com muita eficiência a ponto de total empenho ao
convencer o outro sobre as suas conclusões. Essas pessoas vão passando por
nossas casas. Chegam sempre declarando muito amor, relatando as injustiças
vividas no passado. Sempre a casa anterior é a errada, o sacerdote é o errado,
mas ela não. São realidades que também nos oferecem valiosos aprendizados.
No entanto, a Umbanda é a grande mãe amorosa e acolhedora
que receberá esses filhos quantas vezes forem necessárias. O comprometimento da
educação e formação integral está além das incompetências humanas. A esperança
é a energia geradora que multiplica por cada filho que consegue agir com bom
senso e lucidez diante dessas pessoas. Valores que, aplicados em conjunto
correspondem a uma ação na medida certa: Bom senso que está vinculado ao
caráter da pessoa e lucidez que reflete sua maturidade.
Capacidades que são adquiridas por aqueles que possuem
coragem de assumir e superar de fato os seus erros. Conquistam no decorrer na
vida um agir com discrição, ética e autocontrole. Tornam a vida simples e leve,
construindo em sua história um memorial com grandes ensinamentos onde a
gratidão está presente em todos os momentos. Filhos da Umbanda de fato que se
entregam e vivem a fé na verdade e na luz.
Saravá Filhos da Umbanda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário