segunda-feira, 2 de setembro de 2019

ENFIM SETEMBRO


Enfim Setembro:

     Todos nós batuqueiros sabemos que setembro é mês que temos como regente Xangô, isso é dado ao fato de setembro ser o mês em que comemoramos no calendário católico São Cosme e São Damião (dia 27/09) como Xangô e Oxum Ibedji, São Miguel Arcanjo (dia 29/09) como Xangô Aganju e São Jerônimo (dia 30/09) como Xangô Agodô.
      Particularmente, aqui no sul, o setembro traz consigo algumas particularidades como as enchentes de São Miguel, um período de chuvas característico de Porto Alegre e demais regiões riograndenses, causando alagamentos e chegava a durar 18/19 dias de chuva.
      Mês 9 é o mês em que xangô pesa em sua balança tudo que fizemos, falamos ou pensamos de ruim, eu costumo usar a simbologia numérica em algumas explicações (coisa minha e não é fundamento),o número 9 seria o 6 virado de ponta cabeça e que significa que Xangô irá ajustar e julgar tudo aquilo que foi feito injustamente, o número 6 é o verdadeiro número de Xangô, o próprio equilíbrio, a balança em si.
      Com o número 6 colocamos as coisas em ordem, justas e equilibradas.
      O número 12 vem a ser o julgamento e a misericórdia onde 6 condenam e 6 absolvem (6+6).
    Em alguns lados dão o número 9 para Xangô Agodô e tudo tem explicação e também uma simbologia.
      As mesas de Ibedji são sentadas crianças e mulheres grávidas nas contas e múltiplos de Xangô, a quinzena é quase que toda direcionada a Xangô e Oxum, pois são os dois orixás que em perfeita sintonia representam a misericórdia, fartura e doçura, antigamente se segurava crianças e pessoas numa mesa,tal coisa que vemos muito pouco hoje em dia.
      A direção que se anda na volta da mesa, a canja, a canjica, os doces, o amalá no centro da toalha, o lavar, secar e tomar água da quartinha tem um significado e importância dentro do culto do batuque do Rio grande do sul.
      A vó sempre dizia que um dos motivos da mesa de Ibedji era para pedir misericórdia por tanto axoro derramado entre tantos outros significados.
      O kassun (Ritual da balança) é pertencente a xangô aganju que é dono da orquestra celestial e como a vó dizia: Xangô é dono do barulho,quando chove Iansã é o clarão dos raios e xangô o estrondo do trovão.
      A balança nada mais é do que o julgamento de xangô sobre a obrigação arriada no quarto dos orixás.
      Em múltiplos de 6 se forma a balança com pessoas que tem obrigação de 4 pé, pois também é chamada de roda dos prontos onde só os prontos participam, de mãos dadas no ritmo do tambor as pessoas vão para o centro e para fora fazendo a balança de Aganju, no meio do ritual e sempre de mãos dadas os orixás vão se manifestando nos cavalos e ela chega ao ápice até que ao som do alujá faz pecadores ( humanos) e orixás largarem as mãos,t oda obrigação é julgada e nem sempre o mal julgamento dela se dá por conta de estourar a balança. Aprendi a olhar e cuidar como se dá cada possessão dos filhos quando o santo chega quando a roda vai pro meio(quando fecha) ou quando vai pra fora (quando abre),tudo está no equilíbrio e na forma que as possessões ocorrem.
      O Alujá é o ritmo de Xangô onde ele dança na frente do tambor e os demais orixás atrás dele.
     Amalá é o prato favorito de Xangô e em alguns casos específicos pode se acrescentar o axé de alguns outros orixás( dependendo da finalidade do axé ou serviço).
     Por ser o dono do barulho Xangô também é dono dum instrumento muito importante dentro do culto do batuque que é o ilú( tambor) e sabemos que para tocar tem que ser pronto receber o axé de tambor.
      Com a modernidade o tamboreiro está sendo chamado de alagbe (alabê).
      Xangô é o juiz que bete seu martelo e aniquila cabeças com seu oxé(Machado de duas lâminas).
      Por isso dizemos que xangô é oloxé( o dono do machado).
      Peço que Xangô faça justiça na terra entre os homens e tenha misericórdia dos inocentes!
      Adùpé babá mí Xangô Aganju!!