Todos nós batuqueiros sabemos que setembro é mês que temos como regente Xangô, isso é dado ao fato de setembro ser o mês em que comemoramos no calendário católico São Cosme e São Damião (dia 27/09) como Xangô e Oxum Ibedji, São Miguel Arcanjo (dia 29/09) como Xangô Aganju e São Jerônimo (dia 30/09) como Xangô Agodô.
Particularmente,
aqui no sul, o setembro traz
consigo algumas particularidades como as enchentes de São Miguel, um
período de chuvas característico de Porto Alegre e demais regiões
riograndenses, causando alagamentos e chegava a durar 18/19 dias de
chuva.
Mês
9 é o mês em que xangô pesa em sua balança tudo que fizemos,
falamos ou pensamos de ruim, eu costumo usar a simbologia numérica
em algumas explicações (coisa minha e não é fundamento),o número
9 seria o 6 virado de ponta cabeça e que significa que Xangô
irá ajustar e julgar tudo aquilo que foi feito injustamente, o
número 6 é o verdadeiro número de Xangô,
o próprio equilíbrio, a balança em si.
Com
o número 6 colocamos as coisas em ordem, justas e equilibradas.
O
número 12 vem a ser o julgamento e a misericórdia onde 6 condenam e
6 absolvem (6+6).
Em
alguns lados dão o número 9 para Xangô
Agodô
e tudo tem explicação e também uma simbologia.
As
mesas de Ibedji
são sentadas crianças e mulheres grávidas nas contas e múltiplos
de Xangô,
a quinzena é quase que toda direcionada a Xangô
e Oxum,
pois são os dois orixás que em perfeita sintonia representam a
misericórdia, fartura e doçura, antigamente se segurava crianças e
pessoas numa mesa,tal coisa que vemos muito pouco hoje em dia.
A
direção que se anda na volta da mesa, a canja, a canjica, os doces,
o amalá no centro da toalha, o lavar, secar e tomar água da
quartinha tem um significado e importância dentro do culto do
batuque do Rio grande do sul.
A
vó sempre dizia que um dos motivos da mesa de Ibedji
era para pedir misericórdia por tanto axoro derramado entre tantos
outros significados.
O
kassun (Ritual da balança) é pertencente a xangô aganju que é
dono da orquestra celestial e como a vó dizia: Xangô é dono do
barulho,quando chove Iansã é o clarão dos raios e xangô o
estrondo do trovão.
A
balança nada mais é do que o julgamento de xangô sobre a obrigação
arriada no quarto dos orixás.
Em
múltiplos de 6 se forma a balança com pessoas que tem obrigação
de 4 pé, pois também é chamada de roda dos prontos onde só os
prontos participam, de mãos dadas no ritmo do tambor as pessoas vão
para o centro e para fora fazendo a balança de Aganju,
no meio do ritual e sempre de mãos dadas os orixás vão se
manifestando nos cavalos e ela chega ao ápice até que ao som do
alujá faz pecadores ( humanos) e orixás largarem as mãos,t oda
obrigação é julgada e nem sempre o mal julgamento dela se dá por
conta de estourar a balança. Aprendi a olhar e cuidar como se dá
cada possessão dos filhos quando o santo chega quando a roda vai pro
meio(quando fecha) ou quando vai pra fora (quando abre),tudo está no
equilíbrio e na forma que as possessões ocorrem.
O
Alujá é o ritmo de Xangô
onde ele dança na frente do tambor e os demais orixás atrás dele.
Amalá
é o prato favorito de Xangô
e em alguns casos específicos pode se acrescentar o axé de alguns
outros orixás( dependendo da finalidade do axé ou serviço).
Por
ser o dono do barulho Xangô
também é dono dum instrumento muito importante dentro do culto do
batuque que é o ilú( tambor) e sabemos que para tocar tem que ser
pronto receber o axé de tambor.
Com
a modernidade o tamboreiro está sendo chamado de alagbe (alabê).
Xangô
é o juiz que bete seu martelo e aniquila cabeças com seu
oxé(Machado de duas lâminas).
Por
isso dizemos que xangô é oloxé( o dono do machado).
Peço
que Xangô
faça justiça na terra entre os homens e tenha misericórdia dos
inocentes!
Adùpé
babá mí Xangô
Aganju!!