UM PERIGO QUE RONDA TODOS OS MÉDIUNS
Sempre
que falamos de mediunidade, tratamos de sua definição e de suas
particularidades dentro de nossa querida Umbanda. Entretanto é preciso fazer um
alerta para a reflexão de todos os médiuns! Sempre ressalto e tento demonstrar
que ser médium não é possuir um dom, ser especial, ser melhor que ninguém. Ser
médium é possuir uma faculdade e ao mesmo tempo uma missão, e como toda missão,
ela vem acompanhada de muita responsabilidade.
No
entanto não podemos confundir essa nossa missão com um mediunismo missionário,
ou seja, que somos enviados diretos dos Orixás, escolhidos. Estes tipos de
médiuns são, obviamente, raros e a simples presença dessas pessoas nos inspira,
nos emociona e nos transforma. Médiuns missionários são aqueles que estão
moralmente muito mais equilibrados do que nós, possuem um amor verdadeiro e
nato, possuem a verdadeira sabedoria.
Desta forma como entender a nós? Somos médiuns de
expiação, médiuns que tiveram a graça de receber a faculdade da mediunidade
para expurgar os karmas, uma oportunidade para acelerarmos nossos resgates, uma
forma a mais para que possamos nos deparar com espíritos amigos ou com antigos
desafetos e, juntos, buscarmos um caminho de luz e de paz. Somos assim pessoas
normais, com um mesmo fim: a busca da verdadeira felicidade.
Assim por sermos espíritos endividados, por não sermos
criaturas “aladas”, especiais, devemos cuidar muito de nosso desenvolvimento
moral. Pois só com muito suor e força de vontade que um dia nos tornaremos médiuns
missionários, e assim seremos médiuns melhores, e com certeza mais capazes de
fazermos valer a vontade dos Orixás. Por sermos assim tão normais, é que muitos
médiuns se perdem no caminho, começam a vender suas faculdades, percebem que
podem manipular as energias, conseguem magnetizar pessoas e objetos e essa
sensação de poder faz com que o orgulho cubra os olhos da carne e da alma.
Não
são poucas as histórias de médiuns envaidecidos e que acreditam ser
super-homens, e assim estarem acima do bem e do mal e por isso poderem fazer
uso de suas faculdades da forma que melhor lhe convierem. Não são poucas as
histórias de umbandistas, de pais e mães-de-santo, e outros médiuns de outras
religiões, que acabaram perdidos. Tudo porque não conseguiram ter a humildade
necessária para a tarefa mediúnica e, assim, caíram no caminho do orgulho.
Diante disto, nossa tarefa emergencial, urgente mesmo, é
zelarmos para que possamos controlar e lutar incessantemente contra o nosso
orgulho. Uma tarefa difícil, mas possível. E para isso poderemos contar com
nossos queridos guias espirituais, basta realmente encararmos nosso orgulho e
pedirmos para que ele seja derrotado pela verdadeira e nobre humildade.
O
médium orgulhoso acredita que pode mais e melhor que o seu irmão de gira.
Acredita sempre que tem razão, que os outros médiuns têm muito o que aprender
com ele. Os ensinamentos dos outros sempre estão equivocados, pois não é o
mesmo do que o dele, assim como ele é sempre o certo não consegue mais absorver
ou reciclar seus conhecimentos. Por isso o médium nesta fase escuta muito
pouco, e sempre quer falar muito. Escutar não é necessário, pois ele já sabe.
Não permite que a entidade lhe fale, e lhe mostre como fazer, pois sua mente
embriagada do orgulho acha que já conhece o caminho. Quando não lhe é dado toda
a atenção se zanga, e tem certeza que se trata de uma perseguição, ou então
deve ser ciúmes de suas qualidades.
É típico desses médiuns aprenderem receitas, lerem e
decorarem pontos riscados, banhos e “ebós para todos os fins” e passam a
“receitar” estas simpatias em todo o lugar que andam. Este é um caso mais
avançado do orgulho que extrapola as correntes de uma gira.
Diante deste quadro o médium vai se afastando de seus
guias, deixando de escutar os verdadeiros emissários dos Orixás, e permite que
espíritos menos evoluídos deixem se passar por mensageiros. A mistificação será
uma questão de tempo.
Não conheço ninguém que não deva cuidar de sua mente para
que não seja corrompido pelo orgulho. Esse mal assombra a todos, mas quem
conseguir vencê-lo dará passos decisivos rumo a sua iluminação.
Por
isso peço que os Orixás enviem seus emissários e mensageiros para nos proteger
e iluminar quanto a este mal que nós mesmos criamos e cultivamos que se chama
orgulho. Em especial que os Pretos-Velhos possam nos mostrar com seu exemplo,
suas energias e sua sempre simples e profunda conversa, o caminho para a
humildade.
P.S.
Se você leu este texto e o tempo todo pensou em outra pessoa que não você
mesma, leia de novo, pois com certeza este texto serve para você. Julgar os
outros acreditar que este ou aquele é um médium orgulhoso, é uma clara
demonstração do orgulho, pois acha que é capaz de julgar o seu semelhante. Este
também é um alerta, cuida de julgar os seus atos, e para os atos dos outros a
única coisa que você pode fazer é rezar para que os Orixás os iluminem, e que
você agindo de forma humilde seja um exemplo em seu meio