terça-feira, 28 de março de 2017

SIMBOLOS SECRETOS DAS BRUXAS DA ISLANDIA

Símbolos Secretos das Bruxas da Islândia

 (No sentido horário a partir do canto superior esquerdo) 1. Draumstafir – para sonhar com desejos ainda não realizados, 2. Svefnthorn – coloca-se sobre o travesseiro de alguém para o fazer dormir, 3. Óttastafur – para colocar medo em um inimigo, 4. Lukkustafir – má sorte ou prejuízo não virá a qualquer um usá-lo. Fonte: O Manuscrito Huld

Grimórios e livros secretos de feitiços sempre tiveram o poder de exaltar a imaginação. De ocultistas vitorianos a fãs de Harry Potter, um livro empoeirado cheio de símbolos estranhos é uma descoberta rara e maravilhosa. Uma série de achados da Islândia foi recentemente publicado e possui muitos “símbolos” que são agora bem conhecidos entre os fãs da tradição nórdica. Mas eles são realmente Vikings? E o que esses livros nos dizem sobre as pessoas que os escreveram?

Bruxaria Islandesa

O Galdrakver, traduzido livremente como “pequeno livro mágico”, datado de 1670.

A fim de compreender os símbolos islandeses, precisamos de olhar para a sua utilização no seio da sociedade da Islândia.
A maioria dos símbolos e feitiços parecem ser para o uso em problemas simples da vida, desde a captura de um ladrão, até derrubar um inimigo. Outros ajudam a curar o gado, enquanto outros foram feitos para amaldiçoar os animais de outrem. Vemos também encantos para ajudar a preservar alimentos e cerveja, símbolos para abençoar o portador com força ou coragem, ou símbolos para ajudar com a pesca ou impedir a morte por afogamento.
Tudo isto pinta um retrato da vida na Islândia do século XVII. Com longos invernos escuros, pouca terra arável para culturas e mares gelados, a vida aqui era implacável. A sorte parecia brincar com seu papel na sociedade, e os habitantes fariam o possível para influenciar suas próprias fortunas. Em tempos de fome, vizinhos seriam tentados a roubar uns dos outros, e as disputas geralmente acabavam de forma violenta. A reputação e a capacidade de intimidar parece ter sido um fator importante para a sobrevivência, e muitos símbolos foram criados para permitir que o portador pudesse fazer isso ou lançar de volta negatividade sobre seu oponente declarado. Foi uma época de muita superstição.
A bruxaria foi usada por alguns em segredo como “remédios populares” para uma situação particular, enquanto outros praticavam mais abertamente, às vezes cobrando por seus serviços. Ao utilizar estes símbolos místicos, um indivíduo sentia que era capaz de controlar e influenciar a sua situação sem confronto direto.

A Origem dos símbolos
O símbolo chamado “Ægishjálmur” ou “Elmo do Terror”, tirado do Galdrakver

É difícil apontar a data precisa em que os símbolos foram desenvolvidos.
Os manuscritos mais antigos datam do século XVII, com os outros sendo um pouco mais jovens. Pensa-se que estes volumes registraram símbolos e fórmulas utilizadas ao redor da Islândia por uma linhagem de determinada família, ou dentro de uma certa região. Assim, a sua utilização pode ter sido muito mais velha do que os próprios manuscritos.
Os símbolos parecem ser desenhados usando runas escandinavas e símbolos medievais tardios e símbolos ocultos renascentistas. Eles são, pelo menos, influenciados por encantos posteriores utilizados na Europa continental. Alguns até mesmo parecem ser influenciados por símbolos cabalísticos. Alguns encantos que acompanham certos símbolos mencionam os antigos deuses nórdicos tal como Odin e Thor, enquanto outros mencionam Salomão e Cristo. O sistema parece ser uma interessante mistura de crenças mágicas antigas e novas, de uma forma semelhante a como os anglo-saxões misturaram suas práticas com o cristianismo em ritos, como o Aecerblot que está registrado no Exeter Book que tem origem no século X. Durante estes períodos de transição, Odin ainda foi clamado ou mencionado, mas seu papel havia deixado de ser o de Alföðr (Pai de todos) para a figura de um feiticeiro. O Deus cristão tinha tomado o lugar do Pai dos homens na terra, com os Deuses Antigos sendo empurrados para um lugar onde eles só foram invocados pelos supersticiosos ou “magos negros”.

O Manuscrito Huld [1] contém várias páginas no início do tomo com tabelas de runas gravadas. Isso mostra os vários estilos de runas que às vezes eram personalizadas pelo mago, que nos ajuda a reconhecer o surgimento delas dentro de símbolos mágicos (stave symbols) islandeses. Parece que muitos símbolos (staves) são feitos de moldes destas runas que ampliam os efeitos do símbolo (symbol). Outros símbolos parecem não ter qualquer padrão lógico por trás de sua forma, e é provável que foram criados por meio de “tentativa e erro” pelos magos ao longo dos anos.
         

                Tabela de runas correlacionanda com o alfabeto moderno, encontrado na parte da frente do Manuscrito Huld.

Os Julgamentos das Bruxas
Entre os séculos XIV e XVII, as bruxas eram caçadas minuciosamente e julgadas e punidas por suas artes de feitiçaria. Curiosamente, ao contrário da Europa continental, a maioria dos bruxos islandeses que foram executados eram do sexo masculino; queimando na fogueira como punição. As mulheres foram afogadas.
Como tantos outros exemplos de histeria e amargura, que atingiu o auge durante esses tempos de perseguição, acusações de feitiçaria pareciam ser uma ferramenta poderosa para se livrar dos inimigos e melhorar a sua própria situação. Um desses contos sugere uma superstição maníaca, ou possivelmente uma vingança pessoal contra uma família.
Em 1656, em Kirkjuból (agora conhecido como Ísafjörður), um pastor chamado Jón Magnússon estava sofrendo de problemas de saúde e outros infortúnios. Ele acusou dois membros de sua congregação de feitiçaria contra ele. Os acusados eram pai e filho, ambos chamados Jón Jónsson, que cantavam no coro da igreja. Depois de ser interrogado, o pai confessou ter usado magia contra o pastor e ter um livro de magia em sua posse. Jón Jónsson júnior confessou atacar a saúde do pastor, e de usar Fretrúner contra uma menina. O último foi um símbolo que fez a tal peidar constantemente. Longe de ser uma piada, ele tinha a intenção de humilhar e causar terrível desconforto abdominal. Os dois foram considerados culpados e foram queimados na fogueira. Pastor Jón Magnússon foi premiado com todas as propriedades dos Jónsson, mas depois acusou a filha de Jón Jónsson sênior (irmã de Jón Jónsson júnior) de bruxaria, uma vez que sua saúde ainda continuava má. Thuridur Jónsdóttir foi julgada e não foi considerada culpada. Ela fez um então um processo contra o Pastor e ganhou. Em compensação, ela foi premiada com os pertences do Pastor [3].
A magia popular passou à clandestinidade, e tornou-se oculta. Alguns registros que existem dos símbolos, as respectivas utilizações e outras práticas mágicas dos islandeses foram feitos pelos tribunais durante esses julgamentos. Ironicamente, é esta atitude que preservou alguns dos antigos costumes para o presente. Sem serem arquivados, eles simplesmente seriam esquecidos ou teriam morrido com seus praticantes.
Mantendo-se em concordância com as tradições islandesas que estava naufragando em sombras, o manuscrito “Huld” significa literalmente o manuscrito “escondido”. As pessoas que praticavam também desapareceram de forma sensível.
Esta página do Manuscrito Huld apresenta na parte superior esquerda, o “Vegvísir”. Significando “sinal de direção”, crê-se que ajudar a orientar o usuário através de mau tempo, sem perder o seu caminho. O símbolo tornou-se bastante popular recentemente.

Renascimento no Século XX
Foi só no século passado que se tornou mais seguro explorar as práticas de magia popular na Europa e na Escandinávia. Embora ainda desaprovada como superstição e absurdo, os símbolos islandeses têm tido um aumento na popularidade, particularmente dentro descendentes de colonos americanos nórdicos e também heathens.
Os símbolos têm sido tema de livros por recentes autores esotéricos. Edred Thorsson foi fundamental na ascenção destes símbolos em sua edição atual do “Galdrabok”. Outros que figuram entre os tomos arcanos incluem “Aegishjalmur”, de Michael Kelly.
Muitos dos símbolos são utilizados em arte e decoração de louças, enquanto algumas pessoas tornaram a tê-los tatuados em seus corpos. A cantora e compositora islandesa Björk tem o símbolo Vegvísir tatuado em um dos braços.
Os símbolos islandeses têm evoluído ao longo dos séculos, e enquanto certamente incorporaram runas nórdicas, eles não podem ser considerados exclusivamente da cultura “Viking”, uma vez que eles são influenciados por outras práticas esotéricas do continente europeu e de além dele.


quarta-feira, 15 de março de 2017

POSSO ENCHER MINHA QUARTINHA?

Posso encher minha quartinha?

O termo quartinha é utilizado para representar um utensílio de barro ou louça que serve para acondicionar água que será servida ao bori, ou para assentamentos. Em caso de assentamentos é utilizada uma quartinha para cada Orixá, que deve permanecer sempre cheia.
Em alguns terreiros, a água das quartinhas é substituída a cada semana e em outras é apenas completada, em qualquer dos casos é uma forma de renovar o axé, de renovar a energia, uma forma de criar movimento. Movimento que transporta energia, que faz fluir energias boas em nosso favor, e que leva para fora as energias negativas. A água nos acompanha desde o nosso renascimento na religião dos Orixás, até nosso desligamento do aye.
Todo o iniciado nos rituais afro, ao realizar sua obrigação de bori (ou mesmo outras, em alguns casos especiais de acordo com a necessidade) possuem uma quartinha, que serve para guardar e renovar o omi (água). A água é vida.
O bori é o principal elo do iniciado com seu Orixá, nesse caso a quartinha ao ser enchida fortalece este elo minimizando fronteiras e fortalecendo a ligação com o sagrado. É uma forma de compromisso estabelecida entre Orixá e seu filho.
Quando preparada a sua quartinha na religião dos Orixás, os filhos do axé devem encher sua quartinha, pois antes de tudo é um dever e um direito, pois é sua, é um dever, pois sendo sua, é a parte mais interessada para que esta se mantenha cheia, é uma forma de restaurar suas energias, fortalecendo seu axé.
Desta forma, quando um filho do axé, perguntar se pode encher sua quartinha a resposta deve ser: - claro porque não poderia, afinal é sua.
Ao enchermos nossa quartinha o Orixá nos assiste, nos observa a forma que fazemos e o carinho que estamos dispensando. Ao servir água para as quartinhas, estamos nos fortalecendo e disponibilizando ao Orixá nosso tempo, nossa energia e dedicação.

A água é a renovação, é a fertilização, é vida, é purificação. Sem água não existe axé. Ela está presente em todo momentos da iniciação religiosa, nos acompanha do início ao fim da vida, e este acompanhamento é feito a partir de nossa quartinha.

quarta-feira, 1 de março de 2017

QUARESMA: QUANDO ABREM OS PORTÕES DO UMBRAL

QUARESMA: QUANDO ABREM OS PORTÕES DO UMBRAL
Ao contrário do que muitos pensam, a quaresma não é uma data importante apenas para a Igreja Católica. Outras comunidades Cristãs, como: Calvinistas, Luteranas, Anglicanas, Ortodoxas, também a adotam, conforme seus preceitos.
Curiosamente, não se trata apenas de um período de purgação espiritual simbolizado nos 40 dias em que Jesus passou no desertou ou Moisés no monte Sinai. Trata-se de um período com fortes implicações espirituais, cuja tradição remonta, pelo menos, 1600 anos.
Asseguram-nos os espíritos que, neste período, há uma profunda agitação na atmosfera Umbralina, o que faz com que muitos espíritos consigam vir à superfície da Terra com muita facilidade.
Embora existam espíritos responsáveis por vigiar os “canais de saída”, nesse período, a agitação é tão grande que, mesmo eles, não conseguem impedir a passagem dessas entidades. É quando uma imensa quantidade de espíritos sofredores e perturbadores ganham livre acesso ao mundo dos homens.
O que se passa, então, é um verdadeiro caos: cada um segue por conta do seu interesse. Alguns, viciados, correrão para saciarem-se; outros, perturbados, buscarão seus familiares; alguns, vingativos, o que tanto anseiam e por aí vai.
Com tantas entidades perturbadoras perambulando livremente, a chance de cairmos em sentimentos nocivos que nos farão mal é muito grande. Desavenças são acirradas. Vinganças são alimentadas. Ódios são cultivados. É preciso ter muita firmeza de cabeça.
Nesse período, mais do que qualquer outro do ano, temos que ter cuidado redobrado com nossos pensamentos e sentimentos, pois com imensa facilidade, poderemos ser alvo das investidas inferiores. Orai e Vigiai, em dobro… Em triplo!
É provável, contudo, que a maior parte das pessoas não perceba todo esse perigo. Entretanto, os médiuns percebem, com facilidade.
As próximas três quaresmas, até o ano de 2019, serão intensamente mais fortes que as anteriores. São os momentos finais, agônicos, de uma sociedade, encarnada e desencarnada, prestes a se renovar ou se atrasar, conforme as escolhas feitas.
Muitas casas de Umbanda fecham as portas, com receio das perturbações que essas entidades causam. Entretanto, a recomendação é justamente inversa. Este é um período de intenso trabalho, de redobrada caridade e auxílio aos encarnados e desencarnados. Nenhuma casa deve fechar as portas.
Vamos todos concentrar nossos esforços no bem, na caridade, no amor ao próximo. Refugiarmos na oração e na vigília constante de nossos pensamentos e atos e nada teremos a temer.